segunda-feira, 27 de abril de 2009

Inventam-nas todas II

Então a história é assim:
O aventureiro resolveu participar numa prova de orientação em BTT. Boa, altamente, ele adora essas coisas.
Teve de se levantar lá para as 8 da madrugada num sábado. Horrível, criminoso, ele detesta essas coisas.

Chegado a Monsanto pegou num mapa e numa bússola e siga!...
O companheiro de aventuras, aliás dono das bicicletas, teve de chutar para canto ao fim de poucos quilómetros, com um furo. O nosso aventureiro continuou sozinho. Aproveitou para acelerar, fazer bom tempo, não estava habituado a este tipo de orientação mas safou-se muito bem.

Ao fim de umas horas chegou a uma zona onde havia um cruzamento. Ambos os caminhos iam dar onde ele queria, mas o que tinha melhor aspecto dava uma volta enorme. Pela direita parecia mais complicado e tinha umas colmeias, mas era muito mais curto. O aventureiro passou a uns metros das colmeias e continuou. Só que depois não havia caminho. À sua frente só via arbustos. Não, que digo, via mato cerrado. Minto, via uma estirpe mediterrânica da selva amazónica! Só o caminho é que não via. O caminho e as abelhas, também não as viu. Mas ouviu-as, e principalmente sentiu-as.
Ainda teve discernimento para pensar que não podia ir para trás, porque teria de passar novamente pelas colmeias. Então temos o nosso aventureiro aos saltos pelo mato, de bicicleta na mão, sacudindo os braços vigorosamente a afastar abelhas. E logo tinha de ser numa zona cerrada como aquela... É que uma pessoa mal se conseguia mexer naquilo, que era uma mistura de árvores, arbustos, silvas, tudo com metros de altura. Quando mais a arrastar uma BTT atrás e a tentar afugentar insectos assassinos.
Claro que com o passar do tempo foi-se embrenhando cada vez mais em terra de ninguém. O que valeu é que o mato era tão denso, mas tão denso, que nem as abelhas o conseguiam penetrar. Enfim, estava picado, dorido, sujo, e mesmo muito, muito perdido, mas pronto, nem tudo era mau.

Valeu-lhe a bússola, resolveu segui-la sempre para norte, na esperança de encontrar um caminho. Incrivelmente, ao fim de uma eternidade, lá encontrou um. E, pouco menos que um milagre, ainda tinha a bicicleta consigo. Depois percebeu que o caminho era o mesmo de onde tinha saído para tentar um atalho. Basicamente o cruzamento estava logo ali, neste tempo todo tinha juntado mais picadas no pescoço do que metros percorridos.

Mas o bravo aventureiro é um homem persistente. Agora até tinha energias redobradas, depois de um passeio revigorante pela floresta. Resolveu continuar, cheio de ânimo. Deu então a tal volta enorme que tinha tentado evitar, e continuou. Ao fim de mais algum tempo, estava uma ravina no meio da estrada. O aventureiro esqueceu-se que não conhecia bem a bicicleta, quando já estava mesmo em cima é que percebeu que ia precisar de pôr o pé no chão, tarde demais, colocou-o mal e torceu o tornozelo. Rebolou no chão, vá lá que não se arranhou muito.
Com franqueza, esta parte teve menos piada. O aventureiro tinha rido da sua própria desgraça até ali, mas esta não caía mesmo nada bem. Como voltar para a meta? A pedalar, com o pé torcido? Complicado. A andar? Ainda pior. Olhou o mapa, estava num dos pontos mais afastados da meta. Qualquer que fosse o caminho, tinha muito que percorrer. Também podia descansar ali um pouco, mas depois o pé podia arrefecer e inchar...
Não era uma decisão fácil, mas foi tomada rapidamente. As abelhas tomaram-na por ele, umas picadas fresquinhas na cabeça e ala para cima da bicicleta. O raio dos bichos devem ter um faro melhor do que um cão!
Lá vai ele, todo esfarrapado, sem saber se lhe doía mais o pé ou as picadas, a fugir de um enxame de abelhas mutantes.

O problema é que não conseguiu andar muito, logo à frente começaram umas rampas muito íngremes, e ao subir salta a corrente da bicicleta. Logo o olhar petrificado para trás, à procura de zumbidos! Sair à pressa, ai o pé, colocar a corrente à pressa, tornar a subir à pressa, ai as picadas. Mas a cada três pedaladas a corrente tornava a saltar.
Então temos o nosso aventureiro, durante aquela sequência longa de subidas, a gemer enquanto pedalava, de cinco em cinco metros a ver a corrente a saltar, a ter de sair da bicicleta ao pé coxinho, sujando-se todas as partes do corpo de óleo para recolocar a corrente, isto tudo feito em pânico e a olhar para trás!

Finalmente no cimo do monte, foi mais fácil, alcatrão a subir e terra a descer. Ironicamente o caminho mais curto até à meta passava pelos pontos de orientação que ainda faltavam, pelo que o aventureiro, embora já nem quisesse, ainda completou a prova...
Chegado lá, tinha um aspecto deplorável. Não que houvesse espelhos, mas a cara dos que estavam à espera dele disse tudo.
Claro que mesmo assim teve de ouvir a bela resposta: "isso aconteceu-te mesmo?"

E basicamente foi isto.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Inventam-nas todas

Este blogue já vem tarde para relatar todas as cenas estranhas que o quotidiano fez atravessar no meu caminho.
Mas há tempos lembrei-me de uma das favoritas. Vi um programa de televisão sobre aquele cometa? meteorito? nave-espacial-branca-redonda-e-luminosa-que-voava-baixinho-e-curvava-e-depois-apagou-de-repente?
As testemunhas a falar sobre aquilo, com um ar que nos faz pensar que deviam voltar para o asilo psiquiátrico, mas é mesmo verdade. Até parei o meu carro na estrada e saí para ver.

Ultimamente, nada de especial, especialmente em comparação com esta, mas ontem estava um tipo todo contente a tomar o seu banho de sol à saída de Torres Vedras. Só menciono o facto porque estranhei que ele o fizesse no meio da rotunda. Que interessa se andam ali à volta todos os carros que saem da auto-estrada? A relva é fofinha.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Vai já daqui

Depois de muito tempo de preparação mental, planeamento estratégico e operações de guerrilha, cá está ele!