quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

É a mil VII

Ah, que o blogue nunca tem imagens, nem vídeos, nem nada para lavar a vista.
Ah, que blogue é só escrita, só texto, só palavras.
Ah, que ao menos o blogue podia falar mais vezes em Aloé Vera, mas nem isso...


Sendo assim, então tomem lá. Para terminar o ano em grande.



Que o Novo Ano seja a oportunidade para poderem voar!
Que possam levantar os braços ao céu e subir, subir sempre!
Que enfrentem as adversidades com leveza!
Que tenham sempre um guarda-chuva por perto para vos proteger!

Agora peçam um desejo e reenviem esta imagem e esta mensagem para 47 pessoas nos próximos 30 minutos, e Santa Engrácia em conjugação directa com São Bento farão ocorrer um milagre lindo, que...


Já chega.
Agora a sério, esqueçam o que está para trás...
Obviamente, esta imagem diz outra coisa...
A mensagem que ela verdadeiramente quer passar...
O desejo deste blogue para o ano que aí vem...

Que em 2010 possamos todos espreitar assim por baixo das saias de muitas mulheres.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Amanda-le as pedras pela sombra

Caso os leitores deste blogue do fim do mundo não tenham reparado, o atleta gosta de contar histórias insólitas.

Esta é completamente inventada e nunca aconteceu, e chama-se:
"Agora posso dizer que já vi tudo"


O que pode acontecer quando se vai treinar ao ginásio, e o ginásio está dentro de um pavilhão multi-desportivo?

Pode-se entrar no pavilhão, de toalha ao ombro, e dar com o campo todo cheio de mesas cheias de velhotes a jantar. Dezenas de mesas, centenas de velhotes. O atleta fez logo aquela pausa do… ops enganei-me, não era aqui… mas depois olhou à volta e estava no sítio certo.
Pode-se também ultrapassar, quase a custo da própria vida, esse obstáculo berrante de cores e lacinhos e flores, apenas para descobrir que o caminho que vai dar aos balneários é agora a entrada da cozinha. E base de operações da empresa que serve a comida. E ponto de ligação para a copa. E local de passagem dos criados todos.
Pode-se ainda arremeter corajosamente por esse caminho, desviando de toda aquela gente de aventais, e descobrir literalmente à porta do balneário, a mesa de trabalho da equipa dos doces.

O que é decadente é que o atleta não está a exagerar nada. Esta não precisa de piadas, conta-se a si própria…

Portanto, tem-se os velhotes todos a olhar para o atleta, como se aquilo não fosse o caminho habitual para o ginásio, como se não fossem eles a excepção…
Tem-se também o caminho para o balneário entupido com criados e travessas e pratos sujos, sendo que os empregados ainda olham com ar de espanto. Sim, que pode estar a fazer um idiota vestido de atleta a caminho de um balneário, o local por excelência dos empregados de mesa? Este tipo de fato-de-treino é parvo, só pode...
Tem-se ainda a malta da doçaria no corredor, que estranha o facto de o atleta querer usar o balneário para tomar banho e não para fazer travessas de queijadas…

Pois, e nesse corredor é onde estão os vários balneários e as diversas casas-de-banho. Agora que pensa nisso, o atleta devia ter anotado o nome da empresa, para pôr na gaveta dos “nunca usar”.

Menção honrosa ainda para a mulher que estava a discursar em cima do palco. O atleta menciona esta parte porque ele não se vai esquecer tão cedo.
O barulho era intenso. Seria a emoção? Seria a reverberação da voz inflamada da mulher? Não, era barulho de cagaçal mesmo, o povo estava todo na maior risada e na maior conversa. A mulher, de microfone na mão, orava emocionada sobre um projecto qualquer em que todos tinham de participar, e todos tinham de ajudar. Parecia não reparar no facto de, o atleta garante, jura, toda a gente estar de costas!

Bem, mas o melhor foi a saída depois do treino.
Justamente no momento em que saía do balneário, banhinho tomado, traziam do fundo do corredor uma travessa com um porco. Um porco inteiro, a fumegar. É uma coisa que acontece muito aos atletas, terem de esperar para poder sair do balneário, porque à porta está alguém a arranjar travessas com suínos cortados em pedaços. E o atleta já mencionou que o corredor de onde veio a travessa só tem casas-de-banho? Aah, ter o cheirinho do suor do balneário na chanfana de gambas!
Não, o atleta está a ser injusto. Na verdade, não podia ter cheiro de suor, eles tiveram cuidado com a higiene. Isto porque a cozinha estava montada do outro lado da porta lateral. Sim, lá fora, onde está o jardim.

E como se isto tudo não bastasse, não deu para sair do pavilhão.
A porta do ginásio já tinha sido trancada, restavam as saídas do pavilhão.
Só que uma ficava do lado oposto, era preciso percorrer aquilo tudo, além de estar guardada por quatro-polícias-quatro, toda a gente sabe que estes velhotes são um perigo... E na saída do lado do atleta estava uma equipa enorme a lavar pratos. Ao ar livre e a apanhar chuva.
Mesmo assim, o atleta ainda tentou caminhar pelo meio desse pessoal, mas não havia passagem. Teve de saltar o muro para poder ir para casa.

O atleta agora percebe porque é que o ginásio não é caro.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Inventam-nas todas VIII (2ª parte)

(continuação da entrada anterior... quem ainda não leu, faça-o antes de prosseguir)


Pois então o caminheiro achou que aquele pequeno episódio era digno de ser posto no blogue, e voltou para casa com intenções de o escrever.
Mas além desse, e da escrita do tal argumento, houve outro factor que fez pensar que era uma boa ideia regressar a casa. É que afinal de contas chovia torrencialmente, e o caminheiro estava sem chapéu e já a meio caminho do encharcado.

Por isso toca a voltar. Só que algumas coisas surreais demoraram a sua chegada ao lar.
O caminheiro não sabe como vai sair este relato, mas pode ser que consiga explicar como naquela noite... foi tudo muito esquisito.

Começou 'devagarinho'... primeiro topou com um grande bando de coelhos. Tudo bem, mas a dormir à chuva no meio de um relvado? Uma dessas ele nunca tinha visto. Com o susto de verem o caminheiro, alguns deles resolveram fugir para o lado onde ele estava. Se tivesse esticado a perna podia ter dado uns pontapés nuns quantos roedores. São animais muitos giros , mas falta-lhes esperteza...

Bom, uma última olhadela à cascata do rio e agora sim, voltar para casa. Claro que, com o adiantado da hora e da chuva, nada como tomar um atalho.
O 'problema' é que andar no meio do bosque de noite e sem luz faz com que não se saiba por onde se anda, e o caminheiro deu de caras com um carro onde estava um reinadio casal. Por sorte deles, não estavam ainda no auge, mais dois minutos e o caminheiro tinha direito a filme.
Claro que ele continuou na sua vida, e depois de passar ouviu lá atrás o carro a ser ligado, parece que se foram embora tentar outras paragens...

Com estas emoções todas o caminheiro já tinha esquecido o argumento da curta-metragem, e agora que estava ali bem podia experimentar ir ver o que era aquele edifício que estava ao fundo dos eucaliptos.
Não valeu a pena, estava murado, vedado, e fechado com cadeados.
Isto é... estava, em três lados. Por qualquer razão, no quarto lado não há cerca nem nada, só tem umas escadas e qualquer um lá entra. Deu portanto para o caminheiro ir ver os cadeados, mas do lado de dentro. É este tipo de coisas que faz um tipo pensar se não teria provado os cogumelos que encontrou junto ao rio.
O caminheiro depois viu que o edifício, embora isolado, faz parte da Universidade Atlântica. Os outros espaços da faculdade estão mais ao fundo, a maioria com as luzes acesas e o ar condicionado ligado. Sabendo que eram edifícios vazios, às ## da manhã em véspera de feriado, se calhar há ali um poucochinho de desperdício...

Enfim, junto a um cemitério de carros o caminheiro encontrou uma pequena ponte para atravessar o rio.
Claro que isso também não podia ter corrido de forma normal, já que as mãos bem agarradas aos corrimões tremiam, e não era da chuva. O caminheiro jura que o raio da ponte parecia seriamente que ia cair a qualquer momento!

Aqui o caminheiro lembra-se de ter pensado que para uma noite já chegava de absurdo. E ali, do lado oposto do rio, a vida volta ao normal. Mas assim que chegou à estrada parou um carro ao lado. Mentira, derrapou um carro ao lado, travando a fundo.
O condutor abriu a janela. Tinha um cão enorme no banco do pendura. Quando acabou de a abrir, ficou a olhar. Mais nada, ficou a olhar. O caminheiro a olhar para os lados para ver se era mesmo com ele, mas não havia mais ninguém ali. E o tipo imenso tempo parado, a olhar. Depois gritou "Beeem...!!", como faz um pai ao filho que se porta mal. O caminheiro disse-lhe 'boa noite' e continuou.

Houve outra coisa que o caminheiro disse: disse para si mesmo que aquela tinha ganho o prémio. E que já era surrealismo a mais, agora era mesmo altura de voltar. Mãos de novo nos corrimões, ponte quase a cair, e caminho de regresso.
Ah, ao voltar o caminheiro descobriu que afinal o casal do carro no bosque não teve o discernimento de ir embora, pelo que desta vez pôde presenciar o espectáculo todo, banco de trás ao rubro.

Esses dois e o tipo do outro carro foram as únicas pessoas que o caminheiro viu nessa noite, depois de horas sempre a andar. Quando finalmente entrou em casa, pensou duas coisas, se nessa noite viesse a sonhar o sonho seria menos estranho, e nunca mais iria dar passeios nocturnos ao pé de casa.



P.S.: Intrigado com tudo isto e esquecendo a sua anterior convicção, numa das noite seguintes o caminheiro resolveu descer até à mesma zona, para ver se aquilo era alguma dimensão paralela. Ao chegar lá estava um polvo na estrada. Um polvo inteiro, viscoso, bem no meio da estrada.
Aí o caminheiro deu meia volta. Não tem a certeza, mas acha que voltou para casa a correr.

Inventam-nas todas VIII

Na véspera de feriado, já muito tarde, o caminheiro foi até ao rio que há ao pé de sua casa.
Aí parou porque viu um conjunto de cogumelos gigantes numa poça.
Voltou rapidamente para casa porque isso lhe deu uma ideia para completar o argumento da curta-metragem que está a escrever.


Original, não? Quem tiver uma noite parecida para contar acuse-se, a miséria gosta de companhia.
Não há-de o caminheiro ter a mania que lhe acontecem cenas insólitas...