quarta-feira, 17 de junho de 2009

Inventam-nas todas IV

Era uma vez um condutor que supostamente ia para a faculdade porque lhe diziam que ia ser engenheiro.

Ora, para uma tarde de preguiça e jogatana em que se finge que estuda, não há nada como levar o popó da mamã.
O Mercedes é fiável e puxa bem. Naquele dia o tabliê estava a tremer por todos os lados, mas isso é porque já é velhote, coitado.
De qualquer modo, nada que importe muito, já que o leitor de CD tinha uma metalada em berreiros proibidos por lei, daquelas tão 'a abrir' que o carro até anda a 300 à hora, sem ser preciso acelerar.
Reunidos portanto todos os condimentos para uma bela viagem, que ainda é longa até à outra banda.

Era uma vez um condutor que vai na A5 todo contente na faixa do meio.

Então repara que o tipo do lado esquerdo abranda antes de o ultrapassar, pondo-se a olhar de forma ostensiva.
Estranho? Sim... O condutor vai ligar a isso? Não...
Nem mesmo ligou quando o carro seguinte também abrandou e olhou fixamente. E o que se seguiu a esse. E mais um outro.
Alguns carros depois o condutor pensou que algo se poderia estar a passar. Bonito, tem um furo num pneu do lado esquerdo.

Era uma vez um condutor que descobre que tem um furo enquanto vai na auto-estrada.

Só que o carro continua a obedecer na perfeição. Ele abranda e acelera, vira o volante, e está tudo normal, furos não temos.
Uma porta do lado esquerdo aberta? Só que numa espreitadela rápida parecem as duas fechadas. Mas então...
Bem, se ele pôs uma mossa no chaço a mamã estrafega-o! Ele não raspou nem bateu em nada, estaria o carro amolgado quando ele para lá entrou?
Claro que é muito possível que o problema seja antes no lado direito, porque ele agora repara que as pessoas que ele ultrapassa por aí também estão a olhar meio de lado!
A pergunta "O que é que foi, caraças???" pode ter saído um pouco brusca e com cara de poucos amigos, pois a pessoa visada volta a virar-se para a frente e segue o seu rumo.
Tem de ser um pneu furado. Mas não pode, nesse caso o carro não estaria governável. E aqui não dá para parar, é uma auto-estrada...
O condutor já começava a sentir-se enjoado, alternando a troca de olhares com pessoas à esquerda e à direita na treta da auto-estrada, mas o que realmente o fez suar frio foi ver o tipo do carro à sua frente de olhos vidrados no retrovisor. É oficial, estava tudo doido.

Era uma vez um condutor que agradece às alminhas quando finalmente chega à ponte sobre o Tejo.

Livre da auto-estrada do inferno ele procura acalmar-se. Pelo menos tem espaço para isso, já que os carros todos se desviam da sua frente!
Agora já ninguém parece querer sequer ultrapassá-lo, e os que o fazem abrandam para poderem abrir a boca a olhar...
Novas inspecções às portas, todas fechadas, novos atrofios à procura de algo errado com o carro. Mas se na auto-estrada não se parava, ali ainda menos. E a via rápida para a Caparica nunca mais chega, esta ponte sempre teve tantos quilómetros?
Ah, mas na via rápida, aí sim, o condutor foi rei. Todos os súbditos o veneraram com admiração...!
E o rei, já sem pinga de sangue, nem sabia para que lado olhar.
Escolheu olhar para a bomba de gasolina, onde toda a gente parou o que estava a fazer quando ele passou.
Nesta altura já lhe ocorria que se calhar o carro vertia óleo, mandava chamas, largava peças, ou todos os anteriores, mas a faculdade era já ali à frente, se houvesse algo errado ele estava quase a saber...

Era uma vez um condutor que já ia com espasmos de pânico quando chegou finalmente ao Monte da Caparica.

Para entrar na faculdade, é preciso dar umas voltas, onde se demora imenso tempo. Anda-se muito devagar porque há sempre dezenas de alunos a passar.
Vai portanto o condutor a atravessar no meio deles, e eles todos, o raio dos alunos todos, a espreitarem para dentro do carro. Alguns, ao passarem mesmo ao lado, olhavam fixamente o condutor. O mundo enlouqueceu e ninguém avisou?
Na entrada no parque de estacionamento, ainda o condutor estava à espera na fila já o tipo que está a verificar os cartões de entrada se punha a olhar. Não é possível!!
Quando chegou a sua vez e o condutor levantou o cartão para mostrar na cancela, não há palavras para descrever a cara de espanto do tipo enquanto o carro passava por ele...

Mas já era chegado ao estacionamento. Em lágrimas de fúria, todo encolhido no banco, faltavam só umas voltinhas à procura de um lugar... durante as quais as pessoas que estavam por lá iam parando no seu caminho para olhar, é claro...
Um lugar mesmo à frente do edifício e finalmente é chegado ao fim da sua bela viagem.

Era uma vez um condutor que ao desligar a ignição ia ficando surdo com a buzina que não parava de tocar.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

É a mil III

Como tal, dizem ao cidadão que ele devia ter tento na língua antes de falar no Bloco de Esquerda, que tudo o que ele alguma vez disse neste blogue está mal, e que ele é homossexual.

Ora, isso está totalmente errado. Não a parte do blogue ser uma treta, nem a parte do BE. Mas o resto sim, primeiro porque ainda se continua a usar essa boca imbecil como se a orientação sexual fosse um insulto, e segundo porque no caso do cidadão até está errada, e basta perguntar em qualquer clube sado-masoquista com zoofilia travesti de Lisboa.

Não, a sério, o cidadão garante não o vai voltar a fazer. Até mesmo porque o partido em questão lhe dá pesadelos. Falar sobre o BE nunca mais!
Ah, a propósito, o cidadão acabou de saber que o BE teve o terceiro deputado eleito para o Parlamento Europeu e vai ter de falar agora sobre isso.

Porque convenhamos, se dois deputados do BE irritam muita gente, três deputados do BE irritam muito mais...
Onde é que isto vai parar, afinal?
Já só falta agora que nas legislativas fiquem em primeiro. Seguidos de perto pelos exacerbados dos ultra-nacionalistas, é claro, ao menos de extremismos estaria tudo bem servido.
Bem, isso é que iam ser umas sessões no Parlamento, o BE e o PNR a discutir os destinos do país!!!

Entre uns tipos com camisolas do Che Guevara a atirar cocktails molotof, e uns cabeças rapadas a atirar cocktails molotof contra os cocktails molotof dos outros, era coisa para enchentes na assistência e bilhetes a custar fortunas no mercado negro!
(Correcção, se o PNR for a segunda força política, passará a ser "mercado branco"...)
Claro que nem todas as sessões seriam uma batalha campal, isso é extremamente redutor. Haveria algumas rigorosamente sem armas, sendo apenas permitidos insultos capitalistas acima da cintura. E vá, atirar uma ou outra cadeira quando a polícia de choque não estivesse a olhar.
(Correcção, não haveria polícia de choque, porque o BE acabaria com todas as forças de autoridade. O equipamento passaria para as mãos do PNR, que assim conseguiria bater muito melhor nos imigrantes)
O plenário não seria na sala das sessões, mas nos corredores - agora denominados pelo BE como "galerias dos grafitis" -, porque o hemiciclo estaria reservado para o cultivo de marijuana.

A educação, saúde e justiça seriam entregues a Cooperativas Nacionalizadas de Operários Minoritários. Como ninguém sabe o que isso significa, basicamente era cada um por si.
Se algo correr mal, investiga-se a carteira do indivíduo. Se não tiver dinheiro, então é imigrante e o PNR espanca. Se tiver dinheiro, então terá roubado esse dinheiro aos pobres, pelo que o BE diz ao PNR que é imigrante, e o PNR espanca.

Os governos durariam no máximo três horas e meia, depois eram remodelados. Para toda a gente ter a oportunidade de ser primeiro-ministro.

Isto enquanto houvesse políticos do BE. O facto de não terem um governo contra quem berrar, lutar e reivindicar, poderá fazer disparar a taxa de suicídios.
...Políticos do BE a cair como tordos?
Aahh, os pássaros cantam em honra das borboletas que esvoaçam nos arco-íris, e tudo está bem no mundo...!

Falta só dizer que as pessoas continuariam tão materialistas quanto antes, simplesmente graças a fortes medidas de incentivo por parte do governo, seria mais fácil obterem aquela televisão plasma que é demasiado grande para a sala. Bastaria partir o vidro da vitrina e ir buscá-la.
E se algum político do BE os chamar de contra-revolucionários, dá-se-lhe na tromba com a batedeira que vem de oferta com a televisão.
...Políticos do BE a levar com electrodomésticos na cabeça?
Aaahhh, fica-se por aqui, é um pensamento demasiado bonito...!

O que vale é que isto nunca vai acontecer porque, como é óbvio, as pessoas nunca vão votar no BE... não, espera, aqui falha, o cidadão esquece-se sempre desta...

Estes modelos governativos surreais fazem lembrar ao cidadão aquelas almas que reclamam que venha "um salazar". Ninguém com mais do que meio neurónio quer uma ditadura, supõe-se que será apenas uma chamada de atenção, por estúpida que seja, para que certas coisas mudem. Ver o BE no poder encaixa-se na mesma categoria.
E também a eleição do Poupas da Rua Sésamo para a Casa Branca. E a vinda do Cthulhu.

Caraças pá, que se este blogue consegue comparar duas vezes o BE ao PNR, e uma vez ao 'doutor oliveira', talvez não seja assim tão mau...!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Amanda-le II

O projecto de criar um blogue inteiro só com elogios à TVI ainda está na gaveta, pelo que se mantém este, que fala de assuntos sem rigorosamente interesse nenhum e que todos menos o autor acham uma estupidez.

E é nesse espírito que o autor anuncia que vai falar em mais um assunto de interesse galáctico: veludo.

O veludo é bonito. O veludo é macio. O veludo também é aquilo em que os denominados góticos gostam de se embrulhar.
Isto quando não estão sacrificar animais e a furar o corpo todo que nem uns possuídos.
Os góticos não se identificam com as massas sociais, não por uma questão de divergência moral, mas simplesmente porque sentem vergonha por não estarem bronzeados.
Há também uma questão de ignorância, porque eles não sabem nada de nada do que se passa no mundo, e isso é porque dentro dos seus caixões de vampiros é difícil apanhar um bom sinal de televisão.

Pronto, para quem não sabia.
E atenção, utiliza-se aqui a palavra "góticos" só para facilitar, porque isto também serve para descrever todos os outros palhaços que se vestem de negro.
Portanto, um autêntico serviço público que foi aqui prestado.

Claro que... Falta uma definição, crucial e decisiva. A definição que resume todas as anteriores:
Os góticos são uns satanistas de uns satânicos.
Os marotos! Não querem lá ver os safados, agora são-me adoradores do diabo?

É preciso ver que o autor, para além de sarcástico, é um adepto de várias variantes da denominada estética gótica, pelo que poderia considerar esse termo ofensivo.
Não pela palavra em si, mas pelo que as pessoas que a usam pensam que significa.
Calúnia! As pessoas jamais seriam capazes de dizer coisas sem saberem do que estavam a falar!
Sim, o autor sabe, é impossível acontecer tal coisa, mas mesmo assim vai difamar o bom nome dessa gente e manter o que disse.
E vai acrescentar o seguinte, quem diz isso pode muito bem ser um satânico. E mais ainda, pode sê-lo sem sequer o saber!... Ah, satanismo desgraçado, fazer isto às pessoas!

O satanismo, dito de forma muitíssimo resumida e apesar das várias vertentes, identifica-se com a pretensão do anjo caído de não seguir a Divindade, podendo então ser considerado como a rejeição dos altares teístas, em nome de uma cultura de satisfação pessoal.
Ou seja, é não ir à missa e achar que se é plenamente livre e responsável por si próprio.
Ui, tanto satânico que para aí anda. Como diz o povo, ponham-se a pau! Não confiem em ninguém, eles andam aí.

Mas há mais. Segundo a escola do "anti-cristo" em pessoa, Anton Lavey, o satanismo tem pecados.
Esta, o autor confessa, desconhecia. Quando se lembrou de os procurar, não pensava que existissem, e que ainda por cima os iria encontrar na internet, essa coisa do demo.
Mas aqui os deixa, em mais uma acção de serviço público. Já é a segunda, para um pseudo-blogue é obra!

Os nove pecados satânicos (in wikipédia):
1-Estupidez ; 2-Pretensão ; 3-Solipsismo
4-Auto-ilusão ; 5-Conformismo de massa ; 6-Falta de perspectiva
7-Negligência dos ortodoxos passados ; 8-Orgulho contraprodutivo
e 9-Falta de estética

Sinceramente, o autor nem sabe onde começar!
Demasiado texto na sua cabeça! Demasiadas piadas!... Basta pegar em qualquer 'pecado' da lista anterior e ver quantas pessoas se conhecem que enfiariam a carapuça.

Isto pior que entregar a alma ao diabo, só mesmo tentar entregar a alma ao diabo e estragar a coisa. Há pessoas que não conseguem fazer nada direito!...
E portanto fica-se a saber, a malta não só é satânica, como ainda por cima é satânica e pecadora. Uns adoradores de lúcifer de segunda categoria.
Que vivem no pecado, se não se redimem e se tornam puros ainda vão parar ao inferno! (bem, esta laracha foi tão complexa que até o bloco de notas se ia trocando todo...)

Ora, o autor tinha ponderado inicialmente apoiar a reinvindicação dos góticos que só pedem o direito à diferença...
Esquece lá isso!!
Isto afinal é tudo satânico. Direito à diferença uma ova, os góticos não são especiais, deixem um bocadinho de belzebu para os outros.
O autor tinha também pensado em debater esse comportamento de chamar satânico sem ter a mínima razão para isso...
Onde é que essa já vai!!
Pelo contrário, é essencial para a sobrevivência da humanidade que se progrida esse conceito em direcção ao futuro.
Ser satânico é 'cool'. É o que está 'in'. Quem não entregou a alma a mefistófeles é careta.

Lança-se aqui e já um desafio. E sério. O objectivo é inserir um novo hábito na sociedade portuguesa. A partir de agora o que está a dar é chamar satanistas a toda a gente. Por dá cá aquela palha.
Pode ser que com o tempo a palavra perca conotação, e seja preciso encontrar outra.

E chamar em que ocasiões, perguntais?
O autor exemplifica já aqui: Vós, leitores deste blogue adorador do diabo, isto é mas é todos uma cambada de satânicos!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Vai já daqui IV

É uma bela quarta-feira, e anda toda a gente doida de paixão.

Com o quê, com o rescaldo das eleições para o Parlamento Europeu. E quando o fumo se dissipou, o que se viu?
O PSD foi o partido mais votado e eles agora já acham que toda a gente os quer para alguma coisa.
O PS perdeu metade dos votos que tinha e por lá andam todos com cara de póquer a tentar fingir que não se importam com isso.
O Bloco de Esquerda recebeu o terceiro maior número de cruzes.

Amm... Desculpe, pode repetir?
Sim, ouviu bem, aparentemente o BE é terceira força política de Portugal.
O eleitor jura que tem feitos esforços, hercúleos, desumanos, para tentar compreender isto.

Estarão as pessoas tão fartas dos partidos políticos, que resolvem votar noutra coisa qualquer?
Poderá o BE chegar mais longe? Poderá... argh... vencer umas eleições?
Tudo bem, o país pode respirar de alívio, se eles fossem eleitos não iriam governar (ou assim diziam, agora já vão hesitando e gaguejando outras respostas).
O que o eleitor não entende, na sua mente limitada, é porque é que o partido dos tarados dos ultra-nacionalistas é gozado e mal visto, e ainda bem, e depois o trotskismo inconsequente e extremista do BE já é uma maravilha. Não entende.

Mas então, será pelo discurso de apoio e acção social? Esse nunca é demais, e infelizmente há muita gente que precisa, mais do que ouvir, de receber esse apoio.
Mas no BE parecem fazer de propósito para tornar esse discurso numa paródia de si próprio. Indo por aí o eleitor prefere a visão mais coerente, ainda que utópica e repetitiva, do PCP.

Mas então? Nem tudo pode ser mau, ou as pessoas não votariam. Alguma coisa têm de ver neles. Além do mais ninguém está sempre errado, há sempre nem que seja umas migalhas correctas. Portanto, até mesmo com o BE, por incrível que pareça, há coisas positivas.
Para começar, os partidos deviam olhar para o exemplo do BE, no que toca actividade, reinvindicação, empenho. Pura e simplesmente, trabalho.
Nas sessões do plenário nunca está nem metade do corpo de deputados. Com a excepção da votação do orçamento, a maioria dos lugares está vazia. Ou com deputados a dormir. Será só o eleitor que acha isso vergonhoso?
E depois querem que as pessoas se identifiquem com a política, ou não pensem que eles estão lá só para os 'tachos'... Andarão estes ausentes a servir os interesses de quem votou neles? Talvez alguns até tenham faltado porque andam no 'terreno' e sejam mais úteis aí, o que é certo é que os do BE estão lá sempre, e não se calam. E as pessoas reagem a isso.

Claro que os outros partidos têm uma coisa a favor. Quando abrem a boca dizem coisas coerentes. E isso, quando é para governar um país, ajuda. Enfim, é uma opinião.

Mas de tal modo as pessoas estão desiludidas com a classe política, que acabam por votar nos tipos que dizem os maiores disparates, só para ver alguém que se mexa.
Contudo, a teoria do eleitor também diz que se todos os que votam no BE ouvissem com atenção, mas com atenção, o que se eles se propõem implementar, pelo menos metade iria mudar a sua escolha para, bom, outra coisa qualquer.

Existe ainda outra questão, pouco pacífica também.
É uma questão de moda. Votar BE é moda. É bacano, todos os miúdos fixes fazem.
Pronto, seja, é um país livre, e também o eleitor também já seguiu modas, e de forma cega.
Muitas e muitas vezes foi ele todo contente a imitar os outros, quando começava a época do iô-iô.
Mas lá está, hoje em dia já só mexe num iô-iô se lhe apetece. Ou, vá, quando os outros meninos lhe abafam os berlindes.

Modas, o eleitor confessa, é algo que por vezes é aborrecido de aturar. Não se sabe porque começam tão depressa, porque acabam ainda mais depressa, nem de onde surgem aberrações como comprar iogurtes para cagar mais depressa.

Mas a questão aqui é mais séria. Serão então as modas perigosas?
Uma coisa são calças descaídas até ao chão e a ver a cueca, que, diga-se de passagem, o eleitor não vê mal nenhum. Ou até mesmo os atrasados que nos transportes públicos põem o telemóvel em altos berros a tocar música, esta sim já chateia.
Mas outra coisa bem diferente é quando a ideologia e a política entram na jogada, aí começa o caso a ser mais grave.

É um exagero? Não convence do perigo potencial das modas?
A isso o eleitor responde que por causa da moda das revistas de gajas vestidas com photoshop, esta semana recebeu 5 vezes as fotos da Ana Malhoa para a Playboy.
Ah pois, e quando o caso é de saúde pública, também não é perigoso???

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Choram as pedras III

A mais recente peça do grupo de teatro do cenógrafo tem a seguinte frase:
"Então mas tu vais acreditar em mulheres? Ainda se fosse em espíritos!"
...que é hilariante. O cenógrafo ia-se desmanchando todo quando a ouviu a primeira vez.

Essa ainda bate aquela tirada que o cenógrafo ouviu no outro dia:
"O problema de um gajo casar é que depois tem uma mulher lá em casa!"
...também com esta teve de se rir com vontade.

Tudo isto deu ao cenógrafo a ideia de escrever sobre a sempre bonita batalha - leia-se guerra mortífera em várias frentes de destruição sangrenta - entre os sexos.
Este tema é uma fonte inesgotável de textos, opiniões, artigos, programas de comédia, que levam a reacções desde a alegre picardia até à discussão acesa.
É de facto um assunto importante e transversal à sociedade, mas também muito frutoso, ou não dissesse respeito a ligações entre seres humanos, obviamente complexas, mas que no seu expoente máximo podem resultar num amor eterno.

E é por isso que, ao elaborar um comentário sobre o tema, é necessário, para além de uma abertura psico-sociológica, um estudo apurado sobre as suas várias matizes, de modo a explanar ideias que suscitem o debate.
Uma vez que o tema, para além de recorrente, pode ser polémico, é fulcral que se procure exaustivamente conclusões apuradas.
Sendo assim, após muito tempo de pesquisa, o cenógrafo preparou um texto com tudo o que lhe apraz dizer sobre o assunto, e que é o seguinte:

As mulheres têm absoluta razão em tudo.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Vai já daqui III

Estamos no fim do mundo.
O tempo vai terminar em breve, meros mortais, preparai-vos.
Já soam as trombetas dos cavaleiros, anunciando ondas de destruição apocalíptica.

É que só isso pode explicar o facto de o opinador vir aqui falar novamente de futebol...!
Sim, ele adora fazer alarde de que não percebe nada do assunto, e também detesta quem fala do que não sabe, mas ressalva-se que ele vai abordar o assunto de um ponto de vista genérico.
Não se pretende discutir a lesão do novo jogador do Portimonense, mas mais debater a sociologia por detrás das instituições, o que soa logo muito melhor e dá imensa credibilidade.

Pediram ao opinador que comentasse a final da liga dos campeões. O opinador nem sabia que tinha havido uma liga dos campeões, ainda por cima com final e tudo. Lá por isso, o opinador também não viu nenhum jogo do Euro 2004 porque estava com a namorada. Menciona-se este facto porque costuma criar estranheza. Como se ele trocasse uma coisa pela outra, mas pronto! Seja como for, é por isso que o opinador resolveu não falar sobre a tal liga, mas sim de algo que ele realmente vê, mesmo que não queira.
E como ele gosta de resumir as coisas numa frase (para depois divagar durante páginas), aqui vai ela: Há clubes de futebol e clubes de futebol.

Com mil cachimbos, o Benfica em futebol não ganha nada, mas não se sabe porque é que a malta do Porto, que até ganha, insiste em querer ficar por baixo.
Quer dizer, faz o mais difícil, ganhar, mas depois resolve enterrar-se quando o mais fácil era limitar-se a ser vencedor. Num dos exemplos predilectos, alguns colegas portistas diziam antes de ontem que apoiavam a teoria, que pelos vistos surgiu por aí, de que o Porto devia passar a jogar futebol em Espanha. É que aqui não dá luta, dizem eles, não é um campeonato ao seu nível, e estão a perder oportunidades de crescer, e mais umas quantas pérolas...
O opinador gostava de fazer aqui a sua versão do "no comment" da Euronews. Ou seja, vai deixar a notícia falar por si, os comentários são desnecessários.

A isto, se alguém lesse este blogue patético, poderia responder, ah, mas isso são meia dúzia de gajos, não têm nada a ver com o clube e a sua postura, e pessoal a dizer asneiras há em todos os clubes...
Seja.
No dia seguinte, ontem portanto, contaram (aliás, é mais passaram o dia todo a chatear com essa! Não teve graça à primeira, à quinta vez curiosamente continuava a não ter) que o presidente do Porto disse, e cita-se, que a final da taça devia ser no Estádio da Luz para que lá se visse um jogo de jeito.
Portanto, piada de taberna. Aquela graçola que a malta diz quando já não distingue o prato dos tremoços das nódoas de cerveja no balcão.
E isto é o presidente. Que é suposto ser um representante, até mesmo a 'melhor pessoa' de uma instituição, para isso se elege um presidente.
Está bonito, isto. É só nível!

O Porto Salvo, clube da terra do opinador, tinha uma táctica cientificamente elaborada, vanguardista, tendo como base os mais rigorosos critérios da biomecânica e com vários estudos em túneis de vento, conhecida como "Tira".
Basicamente, de cada vez que um jogador do Porto Salvo apanhava a bola, era o treinador no banco "Tira! Tira!", era os colegas de equipa "Tira! Tira", era o público, que já sabia a táctica, "Tira! Tira!", e aquilo dava um coro tal que o jogador tinha mesmo de 'tirar', ou seja, chutar com toda a força para o mais longe possível. O jogo do Porto Salvo resumia-se então a biqueirada para as nuvens.
Como é óbvio, só por sorte a bola ia ter de vez em quando a outro colega de equipa, e eles perdiam com todos.
Pois o Porto Salvo, coitado, se viesse a ganhar qualquer coisa do género, ninguém tem dúvidas que choveriam bocas como as do distinto presidente do Porto.
E a direcção do Porto Salvo era logo a primeira. Com mil bujardas, até o opinador alinhava!

Por isso é que o Porto Salvo é um clube regional. Com a diferença, já agora, de que se o Porto Salvo ganhasse qualquer coisa, era limpo, sem suspeitas, subornos, ou outras coisas menos próprias. Mas isso é outro assunto, no qual o opinador não quer falar muito, até porque ele compreende que o que um adepto quer é ganhar. Embora, certamente que assim ninguém gosta.
Os adeptos que dizem que nada acontece e são apenas cabalas, tivera sido um clube com outra cor qualquer, e já era tudo uma ladroagem. Assim, nesta cor, não é. As reacções que se têm a esses acontecimentos acabam por comprovar que, no fundo no fundo, ninguém gosta de ganhar assim.

Mas adiante, dizia-se que há atitudes que se esperam de clubes regionais, e o opinador não percebe porque é que o Porto insiste em querer parecer o Porto Salvo. Não deveria ser o contrário?
O opinador pensa que isso é inveja do Liga dos Últimos, e julga mesmo que esse programa devia ir às Antas. É verdade que o clube não perde, mas os cromos de bancada estão lá todos.

A lição de hoje é então para os amigos portistas, não juntem o mau ganhar ao vosso já famoso mau perder. Fiquem por cima, já que são vencedores. A sério.
Isso só enobrece o Benfica e o Benfica não precisa da vossa ajuda para ser nobre.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Inventam-nas todas III

Esta história nada real e completamente inventada já é antiga, mas a pedido dos fãs aqui se conta. Avisa-se que é longa, esperemos que não mande a internet abaixo.

O mochileiro vai, com outras duas companheiras de aventuras, no comboio nocturno de Praga para Cracóvia...
É um inter-rail, e os três ocupam um camarote só para eles. Apagam as luzes, estão exaustos de muito passeio e pouco descanso, e pensam aproveitar a noite para ganhar quilómetros enquanto dormem.
O mochileiro só se lembra de dizer "eu não adormeço", antes de ser o primeiro a cair nos braços de Morfeu.

Mas daí a alguns minutos acordaram-no, uma das viajantes não tinha adormecido, e em boa hora. Ela contou que tinha entrado um homem no camarote. Sem fazer barulho, e com muito mau aspecto. Quando viu que uma pessoa estava acordada sobressaltou-se, fez o gesto como quem pede lume, e quando ela respondeu que não fumavam voltou a sair...
Claro que depois disto se foi o sono a toda a gente.
Se ela não estivesse acordada teriam sido três mochileiros falidos em menos de um ai. E o camarote até tinha as malas e as carteiras espalhadas no maior desplante junto à porta, por sorte ele não reparara.
Confirmava-se a fama, comboios nocturnos naquela zona eram perigosos. Pensou-se em avisar o revisor, mas ele só apareceria na fronteira.
O mochileiro passou as horas seguintes a espreitar lá para fora do camarote, para o corredor do comboio, a única zona iluminada.
Mas tudo estava calmo. Não se via ninguém. Também já chega de emoções por hoje, pensaram eles, que mais pode acontecer?

Foi o início de uma bela noite.

Algumas horas depois passou uma pessoa pelo corredor. Alguém a ir à casa-de-banho. Depois, foi lá outra pessoa. Depois outra. E mais duas, e passado pouco tempo havia várias pessoas a correr pelo corredor.
Se era tudo para ir à casa de banho, a comida de Praga devia ser diurética.
E já agora, quem é que mandou uma pancada estrondosa na parede do camarote do lado??

É, nesta altura alguém bateu numa das paredes do camarote contíguo, com tanta força que que fez tremer tudo e atirou com o mochileiro.
Houve uma pequena pausa, em que os três olharam uns para os outros, até que foi seguida a sugestão de se iniciar a operação "esconde tudo o que puderes". Era a malta a tirar carteiras e passaportes e a escondê-los no meio dos sacos-cama.
O movimento no corredor tornou-se maior do que nunca, embora na correria não desse para apanhar pormenores. E volta e meia, TRÁ!!, pancada na parede do camarote do lado. Aquele comboio nocturno estava um caos, e o mochileiro estava indeciso entre a vontade de ir lá fora meter-se no barulho e a de se encolher debaixo das saias delas.

Ao fim de algum tempo disto o burburinho pareceu amainar. As pancadas também foram diminuindo. Quando já estava tudo em silêncio, o mochileiro tornou a espreitar, contra o conselho das suas companheiras.
No correador só estava uma pessoa. Falava para dentro do camarote do lado, não o das pancadas, o do lado oposto, pelo que o mochileiro só lhe via as calças de ganga. E nessas calças estava um coldre com uma arma.
Demorou algum tempo para que elas se convencessem de que não era uma piada de mau gosto.
Seria um polícia? Provavelmente, atrás do ladrão de há pouco. Mas então, para já estava à paisana, depois isso não explicava a confusão toda de há pouco, e isto era tudo muito esquisito!
Confirmar quem era, só mesmo esperando que ele e a sua arma chegassem ao camarote. Não foi uma espera descansada...

Quando a porta se abriu, não era o homem do revólver, mas o pessoal que tinha falado com ele. Eram portugueses, e vinham explicar o que se passara. O mochileiro saiu para o corredor, elas ficaram.
O comboio tinha entretanto parado numa estação, e preparava-se para arrancar. Foi com o comboio já em andamento que o mochileiro olhou para a estação desolada, onde viu o homem da pistola, a segurar um outro, algemado. E estavam ainda três raparigas. O mochileiro conhecia-as, eram francesas. Tinha sido o mochileiro a indicar-lhes, em Praga, qual era o comboio que tinham de apanhar. Elas tinham um ar de um enorme desalento, ali numa estação da República Checa, de madrugada, sobrecarregadas de sacos e mochilas. Em poucos segundos desapareceram no escuro.

O portugueses contaram como o homem da pistola tinha dito que era de facto da polícia, conhecia o assaltante que andava pelo comboio, e tinha-o apanhado com as carteiras das francesas, que tinham todas adormecido. O camarote das francesas era o das pancadas. Portanto, ainda era meio estranho, mas tudo se explicava, o polícia tinha apanhado o ladrão a roubar as raparigas, tinha lutado com ele no camarote, e depois tinha pedido às raparigas para irem à esquadra identificá-lo.
E pronto, uma história para contar aos netos.

Até que se aproximou uma outra pessoa do camarote, que era agora o centro do comboio. Pertencia a um terceiro grupo, também de portugueses, e disse só uma frase, que o mochileiro não esquece:
"E quem me garante a mim que ele era mesmo da polícia?"
O mochileiro ficou branco, e sentiu que tudo lhe caía.

Foi o início de uma bela madrugada.


(Continua numa próxima edição...)