quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Inventam-nas todas X

O ginásio do Porto Salvo, definitivamente, não existe.

Depois daquela tragédia da outra vez (está descrita algures aí pelo blogue), ontem foi a aventura.
Então vai o desportista descansadinho a andar pelo corredor, pronto para ir treinar, e pimba, esbarra contra uns gajos que estavam a meio do caminho dos balneários.
Fica o tipo da frente a olhar para o desportista, e o desportista a conhecer aquela cara de qualquer lado.
Depois lembrou-se, era o guarda-redes de futsal do Sporting.
Foi então que prestou atenção aos outros mânfios. Eram os jogadores da equipa de futsal do Sporting.

Pelos vistos era o jogo de apresentação do Leões de Porto Salvo, os lagartos foram os convidados, e ninguém se lembrou de avisar o desportista. Enfim, já agora aproveita-se e vê-se as equipas a aquecer. Claro que passado um bocado o desportista fartou-se, o Sporting a jogar aborrece qualquer um, e foi equipar-se.
Acontece que naquele clube/ginásio, para quem não sabe, (azar, já foi explicado algures pelo blogue) há vários balneários, mas só um túnel comum.

Claro que, com a sorte que o desportista tem, teve de demorar exactamente o mesmo tempo a equipar-se que os do Sporting demoraram a terminar o aquecimento e vir trocar de roupa para o balneário deles.
Resultado, quando o desportista saiu estavam as equipas no túnel prontas para entrar em campo, com os árbitros à frente. O desportista passou educadamente pelo meio deles, enquanto os jogadores deitavam uns olhares de "mas o que é que este está aqui a fazer?".
O belo público que estava à espera de aplaudir as equipas, viu primeiro sair do túnel um gajo de saquinho de desporto na mão e toalha ao ombro, que seguiu o seu rumo, indiferente aos comentários pouco abonatórios que certamente houve.

O desportista fez o seu treino, correu quilómetros, fartou-se de puxar ferro, alongou os músculos todos, e ainda teve tempo de sair para ver o fim do jogo. O Porto Salvo perdeu, deve ter sido gatunagem dos árbitros.
Claro que, sabe-se lá o que eles andaram a fazer, mas quando o desportista saiu do balneário com o banhinho tomado, tinham de vir as equipas a sair de campo.
O desportista teve de percorrer outra vez o túnel a desviar-se de uma data de jogadores vestidos de verde e branco, desta vez todos suados, a vir na direcção contrária e a olhar para ele. Se bem que desta vez os olhares já não eram "mas o que é que este está aqui a fazer?", por esta altura já estavam mais do que habituados à sua presença.

Enfim, ontem foi uma ensaboadela de Sporting em dose concentrada. Fará mal à saúde?

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Vai já daqui X

Ou
"Porque é que o explorador que se preze não gosta de GPS"



O explorador vai abster-se de mencionar que o blogue voltou, que os títulos repetitivos e a imbecil numeração romana estão de volta, que os conteúdos sem nexo regressaram. Vai manter a sua lendária pose petulante e simplesmente contar a história.



E foi assim:
Está o explorador em Sabrosa, distrito de Vila Real, numa oficina de escrita - o que só por si já é uma coisa meio estranha, ninguém vai a Sabrosa fazer uma oficina de escrita.

E é complicado chegar a esse simpático fim-de-mundo? Não.
Primeiro, porque é onde nasceu Fernão de Magalhães. O homem era capaz de dar a volta ao mundo, era o cúmulo do desrespeito se o explorador não conseguisse chegar à terra.
E segundo, porque o explorador, para não se perder, usou materiais que já deram provas de funcionar, como por exemplo coisas do tipo MAPAS.

Foi então que apareceu o mal-afamado GPS.
A ordem de trabalhos pressupunha uma viagem até Melgaço. E nesse dia o explorador, sem dúvida apanhado à traição de manhã cedo antes de ter tempo de acordar, deixou-se convencer a usar o belo do aparelho. Foi uma fantástica e peregrina ideia!

Está bem, o bicho é uma tecnologia topo de gama...
Está bem, o explorador nunca tinha conduzido a ouvir um coiso daqueles, e é sempre giro experimentar coisas novas...
Mas o explorador devia ter desconfiado da primeira vez que ouviu a voz incrivelmente irritante da brasileira. Oh, como era inocente, o nosso pobre explorador!

Então vai o explorador a tentar encontrar Melgaço. E onde raio fica Melgaço, afinal? Pois, ninguém sabe. Nem sequer o GPS, pois a parva da brasileira mandou o explorador e o seu séquito para um sítio desértico no meio do Gerês.
Tudo o que havia nesse local era uma ribeira e uma barragem velha. Melgaço, nem vê-lo. Ainda hoje o explorador literalmente não sabe para onde a camela da brasileira o mandou, mas uma coisa é certa: era a uns bons 150 km do destino correcto. E a vaca da brasileira a dizer, toda molhada, "Chégô ao seu distchino, Chégô ao seu distchino".

E como é que o explorador sabe que era a 150 Km? Porque teve de fazer um telefonema para que lhe dessem coordenadas de latitude e longitude, e só aí a mula da brasileira resolveu acordar e avisar que estávamos a horas de distância.

Pelo menos a cretina da brasileira encontrou um caminho.
Claro que foi um caminho que passou 4 (quatro!) vezes a fronteira com Espanha, mas o explorador até vai esquecer essa parte...

Ah, e porque a besta da brasileira tinha ligado a opção obrigatória de mandar-virar-para-qualquer-amostra-de-atalho-que-aparecer-à-frente, teve o explorador de meter várias vezes o mercedes da mamã em caminhos onde nem as cabras passavam.

Enfim, depois de muitos montes e vales, de muito nome chamado à cavalgadura da brasileira, de um depósito de gasóleo atestado quase no fim, e depois da ajuda preciosa dos materiais que já deram provas de funcionar, com por exemplo coisas do tipo MAPAS, lá se chegou a Melgaço.

Se o Fernão de Magalhães tivesse usado um GPS, ainda agora andava no Pacífico.
E a levar com a chata da brasileira: "A sua nau chégô ao seu distchino, a sua nau chégô ao seu distchino".


(O explorador não tem nada, mas rigorosamente nada, contra brasileiros. Mas deixa uma promessa: se um dia encontra a actriz que gravou aquela voz, manda-a à biqueirada para o raio que a parta. Ou então para Melgaço, o que for mais longe.)