quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

É a mil VII

Ah, que o blogue nunca tem imagens, nem vídeos, nem nada para lavar a vista.
Ah, que blogue é só escrita, só texto, só palavras.
Ah, que ao menos o blogue podia falar mais vezes em Aloé Vera, mas nem isso...


Sendo assim, então tomem lá. Para terminar o ano em grande.



Que o Novo Ano seja a oportunidade para poderem voar!
Que possam levantar os braços ao céu e subir, subir sempre!
Que enfrentem as adversidades com leveza!
Que tenham sempre um guarda-chuva por perto para vos proteger!

Agora peçam um desejo e reenviem esta imagem e esta mensagem para 47 pessoas nos próximos 30 minutos, e Santa Engrácia em conjugação directa com São Bento farão ocorrer um milagre lindo, que...


Já chega.
Agora a sério, esqueçam o que está para trás...
Obviamente, esta imagem diz outra coisa...
A mensagem que ela verdadeiramente quer passar...
O desejo deste blogue para o ano que aí vem...

Que em 2010 possamos todos espreitar assim por baixo das saias de muitas mulheres.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Amanda-le as pedras pela sombra

Caso os leitores deste blogue do fim do mundo não tenham reparado, o atleta gosta de contar histórias insólitas.

Esta é completamente inventada e nunca aconteceu, e chama-se:
"Agora posso dizer que já vi tudo"


O que pode acontecer quando se vai treinar ao ginásio, e o ginásio está dentro de um pavilhão multi-desportivo?

Pode-se entrar no pavilhão, de toalha ao ombro, e dar com o campo todo cheio de mesas cheias de velhotes a jantar. Dezenas de mesas, centenas de velhotes. O atleta fez logo aquela pausa do… ops enganei-me, não era aqui… mas depois olhou à volta e estava no sítio certo.
Pode-se também ultrapassar, quase a custo da própria vida, esse obstáculo berrante de cores e lacinhos e flores, apenas para descobrir que o caminho que vai dar aos balneários é agora a entrada da cozinha. E base de operações da empresa que serve a comida. E ponto de ligação para a copa. E local de passagem dos criados todos.
Pode-se ainda arremeter corajosamente por esse caminho, desviando de toda aquela gente de aventais, e descobrir literalmente à porta do balneário, a mesa de trabalho da equipa dos doces.

O que é decadente é que o atleta não está a exagerar nada. Esta não precisa de piadas, conta-se a si própria…

Portanto, tem-se os velhotes todos a olhar para o atleta, como se aquilo não fosse o caminho habitual para o ginásio, como se não fossem eles a excepção…
Tem-se também o caminho para o balneário entupido com criados e travessas e pratos sujos, sendo que os empregados ainda olham com ar de espanto. Sim, que pode estar a fazer um idiota vestido de atleta a caminho de um balneário, o local por excelência dos empregados de mesa? Este tipo de fato-de-treino é parvo, só pode...
Tem-se ainda a malta da doçaria no corredor, que estranha o facto de o atleta querer usar o balneário para tomar banho e não para fazer travessas de queijadas…

Pois, e nesse corredor é onde estão os vários balneários e as diversas casas-de-banho. Agora que pensa nisso, o atleta devia ter anotado o nome da empresa, para pôr na gaveta dos “nunca usar”.

Menção honrosa ainda para a mulher que estava a discursar em cima do palco. O atleta menciona esta parte porque ele não se vai esquecer tão cedo.
O barulho era intenso. Seria a emoção? Seria a reverberação da voz inflamada da mulher? Não, era barulho de cagaçal mesmo, o povo estava todo na maior risada e na maior conversa. A mulher, de microfone na mão, orava emocionada sobre um projecto qualquer em que todos tinham de participar, e todos tinham de ajudar. Parecia não reparar no facto de, o atleta garante, jura, toda a gente estar de costas!

Bem, mas o melhor foi a saída depois do treino.
Justamente no momento em que saía do balneário, banhinho tomado, traziam do fundo do corredor uma travessa com um porco. Um porco inteiro, a fumegar. É uma coisa que acontece muito aos atletas, terem de esperar para poder sair do balneário, porque à porta está alguém a arranjar travessas com suínos cortados em pedaços. E o atleta já mencionou que o corredor de onde veio a travessa só tem casas-de-banho? Aah, ter o cheirinho do suor do balneário na chanfana de gambas!
Não, o atleta está a ser injusto. Na verdade, não podia ter cheiro de suor, eles tiveram cuidado com a higiene. Isto porque a cozinha estava montada do outro lado da porta lateral. Sim, lá fora, onde está o jardim.

E como se isto tudo não bastasse, não deu para sair do pavilhão.
A porta do ginásio já tinha sido trancada, restavam as saídas do pavilhão.
Só que uma ficava do lado oposto, era preciso percorrer aquilo tudo, além de estar guardada por quatro-polícias-quatro, toda a gente sabe que estes velhotes são um perigo... E na saída do lado do atleta estava uma equipa enorme a lavar pratos. Ao ar livre e a apanhar chuva.
Mesmo assim, o atleta ainda tentou caminhar pelo meio desse pessoal, mas não havia passagem. Teve de saltar o muro para poder ir para casa.

O atleta agora percebe porque é que o ginásio não é caro.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Inventam-nas todas VIII (2ª parte)

(continuação da entrada anterior... quem ainda não leu, faça-o antes de prosseguir)


Pois então o caminheiro achou que aquele pequeno episódio era digno de ser posto no blogue, e voltou para casa com intenções de o escrever.
Mas além desse, e da escrita do tal argumento, houve outro factor que fez pensar que era uma boa ideia regressar a casa. É que afinal de contas chovia torrencialmente, e o caminheiro estava sem chapéu e já a meio caminho do encharcado.

Por isso toca a voltar. Só que algumas coisas surreais demoraram a sua chegada ao lar.
O caminheiro não sabe como vai sair este relato, mas pode ser que consiga explicar como naquela noite... foi tudo muito esquisito.

Começou 'devagarinho'... primeiro topou com um grande bando de coelhos. Tudo bem, mas a dormir à chuva no meio de um relvado? Uma dessas ele nunca tinha visto. Com o susto de verem o caminheiro, alguns deles resolveram fugir para o lado onde ele estava. Se tivesse esticado a perna podia ter dado uns pontapés nuns quantos roedores. São animais muitos giros , mas falta-lhes esperteza...

Bom, uma última olhadela à cascata do rio e agora sim, voltar para casa. Claro que, com o adiantado da hora e da chuva, nada como tomar um atalho.
O 'problema' é que andar no meio do bosque de noite e sem luz faz com que não se saiba por onde se anda, e o caminheiro deu de caras com um carro onde estava um reinadio casal. Por sorte deles, não estavam ainda no auge, mais dois minutos e o caminheiro tinha direito a filme.
Claro que ele continuou na sua vida, e depois de passar ouviu lá atrás o carro a ser ligado, parece que se foram embora tentar outras paragens...

Com estas emoções todas o caminheiro já tinha esquecido o argumento da curta-metragem, e agora que estava ali bem podia experimentar ir ver o que era aquele edifício que estava ao fundo dos eucaliptos.
Não valeu a pena, estava murado, vedado, e fechado com cadeados.
Isto é... estava, em três lados. Por qualquer razão, no quarto lado não há cerca nem nada, só tem umas escadas e qualquer um lá entra. Deu portanto para o caminheiro ir ver os cadeados, mas do lado de dentro. É este tipo de coisas que faz um tipo pensar se não teria provado os cogumelos que encontrou junto ao rio.
O caminheiro depois viu que o edifício, embora isolado, faz parte da Universidade Atlântica. Os outros espaços da faculdade estão mais ao fundo, a maioria com as luzes acesas e o ar condicionado ligado. Sabendo que eram edifícios vazios, às ## da manhã em véspera de feriado, se calhar há ali um poucochinho de desperdício...

Enfim, junto a um cemitério de carros o caminheiro encontrou uma pequena ponte para atravessar o rio.
Claro que isso também não podia ter corrido de forma normal, já que as mãos bem agarradas aos corrimões tremiam, e não era da chuva. O caminheiro jura que o raio da ponte parecia seriamente que ia cair a qualquer momento!

Aqui o caminheiro lembra-se de ter pensado que para uma noite já chegava de absurdo. E ali, do lado oposto do rio, a vida volta ao normal. Mas assim que chegou à estrada parou um carro ao lado. Mentira, derrapou um carro ao lado, travando a fundo.
O condutor abriu a janela. Tinha um cão enorme no banco do pendura. Quando acabou de a abrir, ficou a olhar. Mais nada, ficou a olhar. O caminheiro a olhar para os lados para ver se era mesmo com ele, mas não havia mais ninguém ali. E o tipo imenso tempo parado, a olhar. Depois gritou "Beeem...!!", como faz um pai ao filho que se porta mal. O caminheiro disse-lhe 'boa noite' e continuou.

Houve outra coisa que o caminheiro disse: disse para si mesmo que aquela tinha ganho o prémio. E que já era surrealismo a mais, agora era mesmo altura de voltar. Mãos de novo nos corrimões, ponte quase a cair, e caminho de regresso.
Ah, ao voltar o caminheiro descobriu que afinal o casal do carro no bosque não teve o discernimento de ir embora, pelo que desta vez pôde presenciar o espectáculo todo, banco de trás ao rubro.

Esses dois e o tipo do outro carro foram as únicas pessoas que o caminheiro viu nessa noite, depois de horas sempre a andar. Quando finalmente entrou em casa, pensou duas coisas, se nessa noite viesse a sonhar o sonho seria menos estranho, e nunca mais iria dar passeios nocturnos ao pé de casa.



P.S.: Intrigado com tudo isto e esquecendo a sua anterior convicção, numa das noite seguintes o caminheiro resolveu descer até à mesma zona, para ver se aquilo era alguma dimensão paralela. Ao chegar lá estava um polvo na estrada. Um polvo inteiro, viscoso, bem no meio da estrada.
Aí o caminheiro deu meia volta. Não tem a certeza, mas acha que voltou para casa a correr.

Inventam-nas todas VIII

Na véspera de feriado, já muito tarde, o caminheiro foi até ao rio que há ao pé de sua casa.
Aí parou porque viu um conjunto de cogumelos gigantes numa poça.
Voltou rapidamente para casa porque isso lhe deu uma ideia para completar o argumento da curta-metragem que está a escrever.


Original, não? Quem tiver uma noite parecida para contar acuse-se, a miséria gosta de companhia.
Não há-de o caminheiro ter a mania que lhe acontecem cenas insólitas...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Vai já daqui VII

O consumidor é o seu pior inimigo.
Enquanto não soltar cá para fora o que o chateia não terá o seu sono de beleza, pelo que este blogue asqueroso e cretino terá de servir e é já.

E a pergunta que apoquenta o consumidor é:
Alguém tem aí à mão a data em que a Santa Madre Igreja mandou canonizar as redacções?

É mais do que sabido que o Vaticano mandou aspergir de água benta todos os jornalistas do planeta, só que o consumidor precisava de saber o dia exacto, e logo por azar o papel onde o tinha escrito está nas calças que foram para a máquina.

Isto tudo é para dizer que o consumidor é conservador. Porquê, em primeiro lugar, porque "o consumidor é conservador" soa bonito e rima, e em segundo lugar porque só conhece 10 mandamentos.
Como tal, o novo mandamento, «Idolatrarás o Jornalista», faz-lhe confusão. Principalmente porque "idolatrarás" soa medonho e não rima com nada.


Bom, se calhar ainda não está claro qual é o problema aqui. Pois bem, o problema é que o jornalismo se tornou poderoso. Incrivelmente poderoso. Poucas profissões haverá que se equiparam em poder e influência.
E dar todo esse poder a uma data de gente está mesmo a pedir asneira. Porque em qualquer grande grupo de gente há-de sempre haver muitos (se não a maioria) que o não merecem. Pois, não é qualquer palhaço que pode ser jornalista.

O consumidor não está aqui a dizer que os jornalistas em geral são maus, muito pelo contrário. Ele até já trabalhou numa redacção, que era composta exclusivamente por pessoas que não enfiam nem um pouco desta carapuça.
O que consumidor diz, isso sim, é que os jornalistas deixam que o poder lhes suba à cabeça.
Ou então não é poder e é outra coisa, mas certamente algo tem de subir à cabeça de quem atira alegremente o seu código deontológico para as herbáceas.

É cómico o salivar quando correm no meio da estrada de microfone na mão atrás de carros em movimento.
É deprimente quando tentam arranjar polémicas sem que lhas peçam.
É horrível quando sufocam uma pessoa com microfones pela cara dentro, ainda tendo o desplante de o criticar se ele não gosta de ser sufocado.
É criminoso quando se habituam a emitir opiniões como se isso fosse igual a dar uma notícia.
...E por aí fora. Há pessoal neste mundo que precisa urgentemente de ganhar vergonha. Ou uns biqueiros nos rins.

Ah, e aquela que, não sendo a questão mais grave, é a que causa mais confusão ao consumidor. Ele simplesmente não consegue entender porque é que os jornalistas defendem outros de forma cega e obstinada contra factos consumados, só porque são colegas de profissão.
Seja o que for, 'haja o que hajar'.

- Temos aqui esta pessoa que levantou falsos testemunhos e caluniou pessoas.
Jornalista- Horrível! Queimem-no na fogueira depois de lhe arrancarem a língua e o chicotarem com arame farpado em brasa!!!
- E temos aqui este JORNALISTA que levantou falsos testemunhos e caluniou pessoas, além de inventar notícias e fontes, tendo mesmo incendiado a casa de algumas pessoas só porque não gostava delas.
Jornalista- E a culpa é dele?!? Mas porque é que é sempre culpa do jornalista?! Ele não fez nada. Fascistas!! Onde está a liberdade de expressão? 25 de Abriiil!!

Aliás, nem importa qual o assunto. Não importa que ele tenha acabado de chegar à conversa e nem saiba do que se trata.
Se alguém faz o mínimo comentário sobre um jornalista, todos os outros num raio de 100 metros são fisicamente incapazes de calar a matraca.
- ...os números verdadeiros não são os que vieram neste jornal, pois cifram-se em...
Jornalista- Não são verdadeiros uma ova! Já pensaram que se calhar a opinião pública é que tem a culpa? Que o jornalista não teve os dados todos? Que não o deixaram trabalhar???
- ...mas isto não é um jornal profissional, é só para dar as notícias da venda dos bordados da Casa do Povo de Cabiças... e manter ocupadas as pessoas aqui do lar...
Jornalista- Ah. Nesse caso podem continuar. Venha lá, avó, vamos ao nosso passeio semanal. Mas não diga mal da televisão ou volto a deixá-la no meio da auto-estrada!

A sério, todas as profissões são alvo de críticas sem que os visados começem a bufar e a deitar fumo.
Quando o consumidor era engenheiro fartou-se de ouvir críticas aos engenheiros, e não só se aguentou sem desatar a arrancar olhos, como conseguiu até - pasme-se! - aceitar algumas como verdadeiras.

É portanto, um caso de "não interessa se fiz ou não, se é mau, não fiz"!!
Deve ser isso a que se chama defeito profissional.

E por falar em defeitos, e aquele jornalistas de futebol - porque felizmente nas outras modalidades há mais nível - que a cada três vezes que abrem a boca ao falar de um jogo, quatro são para falar de música?
É que é tudo um hino. Mesmo que tenha sido um jogador que basicamente passou a bola para o tipo do lado, que estava a dois metros do meio-campo, é um hino ao futebol.
Esta só por si dava para outra entrada neste blogue bastardo. Mas fica para outro dia, que o assunto hoje é sério.

Só mais uma coisa. Já que o cidadão está a atacar, aproveita e ataca mesmo toda a gente. Parte da culpa é das pessoas, pois os jornalistas fornecem o que o povo quer, o que sabem que vende.
E o povo quer sangue, pão e circo.

É certo que isso retira alguma da culpa ao jornalismo. E afinal os jornalistas são só humanos, erram como toda a gente.
Mas daí a venderem a sua função cultural e informativa que lhes exige o poder que detêm para se rebaixarem desta forma, tem um pomposo nome: Aviltante.

Custa, mas as verdades são para se dizer. Felizmente este blogue encantador e adorável está cá para isso.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Amanda-le VII

Esta até vai na primeira pessoa, que estou com crise de identidade.
E vai nos dois blogues e tudo, que estou a precisar de falar no assunto.

Então quer dizer, vou eu desfrutar de uma magnífica tarde de curtas-metragens e documentários feitos por alunos de escolas de cinema, e o que vejo, logo a abrir?
Uma curta/doc, por acaso nada má, escrita e editada por Miguel Cipriano!

Então mas... há 'outro' aluno de escola de cinema a escrever e editar curtas que se chama Miguel Cipriano?!?
Mas que raio, quantos é que nós somos?
Haverá um Miguel Cipriano em todas as escolas por aí?
Serão todos eles parecidos comigo?

A parte com mais piada é que quando começa o filme e aparece "Argumento - Miguel Cipriano", o meu primeiro pensamento, aquela primeira reacção que se tem num centésimo de segundo foi:
"Olha, sou eu??"

E o segundo, logo a seguir, foi "Mas queres ver que usaram uma história minha?"
Ainda fiquei a ver os primeiro planos com atenção, para ver se não soavam familiares. Que parvoíce.
Claro que rapidamente me atingiu a realidade, dura e crua, a realidade fria que nos bate na cara com força, e que neste caso se resume em quatro palavras:
Quem é este gajo?

O coitado do rapaz não tem culpa nenhuma, mas eu não gostei nada.
Foi como se perdesse parte da identidade. Foi uma tarde com emoções muito peculiares. Foi não saber se eu ainda era eu.

Meu caro homónimo, se estás a ler isto, já viste o que temos em comum? Diz qualquer coisa, a malta tem de ir tomar um café!

E será que poderemos estar a 'competir' um contra o outro no futuro, e será que nesse caso vamos precisar de nos distinguir?
É que, se eu não estiver a ser paranóico e isto puder realmente acontecer, ele deverá estar um ou dois anos à minha frente.
Ou seja, poderei perder o meu nome?
Terei de ser, quê, Miguel Cipriano II?
Miguel J. Cipriano?
Mig Cip?
Não quero!!!

Enfim, com toda a presunção dos egocêntricos, sinto-me meio perdido no mundo...

O desafio que lanço, é: Já agora gostava de conhecer outros homónimos que andem por aí.
Alguém que tenha um Miguel Cipriano aí por casa diga. Procurem bem nos armários, nas arrecadações, sabe-se lá se não está algum por lá esquecido.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Ir pela sombra VII

Micro-narrativa: O Azul


Naquele dia a cor azul desapareceu.

A manhã começou com os gritos aterrorizados de quem ia percebendo que não havia uma pinta azulada no mundo.

Houve quem dissesse que a cor desapareceu das leis da Física, houve quem dissesse que foram os nossos olhos que deixaram de a conseguir ver.

O certo é que as outras cores se mantinham, mesmo as que tinham uma parte azulada.
Mas o azul, a cor pura, tinha desaparecido ou sido substituída por uma amálgama esfumada.

O céu, meu Deus...
O mar que já não era o mar.
Os arco-íris com seis cores.
As caixas de lápis com alguns que não pintavam. Documentos subitamente sem tinta. Roupas indefinidas atiradas pelas janelas.

Milhares de telas de museus tapadas por lençóis pingados de lágrimas... choradas por olhos que continuavam a ver, mas que já não tinham brilho.

Mais nada mudou, mais nada teve de mudar.
Foi rápido até que se gerasse o pânico, depois as pilhagens, depois os genocídios e depois as declarações de guerra.

Nas imagens de satélite, o planeta Terra era agora uma massa entre o castanho e o cinzento, uma cor indistinta, uma cor sem cor, apenas alterada por pontos brancos de nuvens.

Antes de desaparecer numa chuva de clamores apocalípticos.

Naquele dia algumas pessoas gritaram ao ver os cogumelos atómicos, pois no seu centro pareceu-lhes vislumbrar, em derradeiros instantes de júbilo, uma cor.
Cintilante.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

É a mil VI

Há uma pergunta recorrente que é feita ao redactor - Como é o dia-a-dia numa agência de publicidade?

O redactor vai repetir aqui o que diz nessas ocasiões:
Se os caros leitores trabalham em publicidade, então já sabem a resposta.
Se não trabalham, então ficam a saber que a resposta é o segredo mais bem guardado da humanidade, e se o redactor o contar depois vai ter de vos matar.

Depois aparece sempre um cromo vestido à cromo que diz com voz de cromo
-Ah, não pode ser o segredo mais bem guardado da humanidade, então e o declínio dos faraós?
Este é mais secreto.
-E a identidade de Cristovão Colombo? E o enigma da Atlântida?
Este é mais secreto.
-Então o José Castelo Branco usar 'boxers' ou 'slips'?
Pronto, tá bem, esté é o 'segundo' segredo mais bem guardado da humanidade.
-Ah, e além disso o redactor não pode matar leitores de blogues, pois teria de procurar o IP de cada um, e depois a partir daí conseguir a morada, e depois ir individualmente...
E é aqui que o cromo leva a tal joelhada nos dentes.


...Por causa de cromos como este é que o redactor perde tantas vezes o fio à meada. Recomecemos então.
"É a mil VI", 2ª tentativa

Há uma pergunta recorrente que é feita ao redactor - Como é o dia-a-dia numa agência de publicidade?

Bem, obviamente é um sítio para se trabalhar como outro qualquer.

Excepto que quem vier à porta da agência e vir o pessoal a entrar não diria que é malta que vai para o trabalho, mas talvez para o concerto da banda ou para a gravação do disco.

E excepto que ao entrar não se acha a decoração típica e formal de um escritório, no lugar do bengaleiro está um saco de boxe, nas paredes não há tantos diagramas institucionais como há tralha pendurada, recortes de gajas, e basicamente tudo o que der na telha.

E excepto que se por acaso se for à copa é possível que se tope com uma data de gente a comer num mesa minúscula, e portanto todos - salvo seja - uns em cima dos outros.

A questão é que se ganha menos do que a média. Logo, só há dinheiro para roupas rasgadas. Só há dinheiro para arte pós-modernista improvisada. Só há dinheiro para almoçar o que se traz de casa.
Claro que isso não impede de cobrar aos clientes muito mais do que nos outros negócios, e eles aceitam porque sabem que em publicidade os ordenados são elevadíssimos.


...Pensando bem, isto assim não está a abonar muito a favor da profissão. Vá, sem brincadeira, agora é que é!
"É a mil VI", 3ª tentativa

Há uma pergunta recorrente que é feita ao redactor - Como é o dia-a-dia numa agência de publicidade?

É que por ser um local de trabalho cheio de artistas, as pessoas pensam logo que é só malucos aos gritos e a atirar coisas uns aos outros.

Mas isso é compreensível. Em primeiro lugar, porque as pessoas gostam de espalhar boatos e adoram criar mitos sobre certas profissões. E em segundo lugar, porque isto é só malucos aos gritos e a atirar coisas uns aos outros.

Claro que não é sempre assim. Em publicidade há muito trabalho feito em conjunto, e nessas reuniões no máximo pode-se colar um 'post-it' na testa de alguém. Há respeitinho.
Mas além de todas as brincadeiras trabalha-se, e muito mesmo. E todos os dias se criam coisas novas, já para não falar nas noites.

A sério, é importante deixar claro que o redactor estava a exagerar. Ele só está com o rei na barriga porque ganhou o concurso na agência para a melhor fantasia no Dia das bruxas.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Ir pela sombra VI

Na colecção "Ecoponto"...

Micro-narrativa: A Superstição

Título: Lengalengas supersticiosas ou Porque é que um texto sobre sorte e azar acaba logo em disparate


< Trágica
Foi por ter recebido da vidente a sina “você vai morrer num acidente de viação”, que deixou tudo e se mudou para o deserto de Marrocos.
Foi por estar no meio do deserto de Marrocos que morreu atropelado por um jipe descontrolado.

< Intrigante
Nesse dia, Eliseu e a sua equipa de corfebol iriam bater o recorde mundial de vitórias consecutivas.
Nesse dia, Eliseu enganou-se. Antes do jogo, enquanto beijava doze vezes a parede e cantava o seu refrão com a camisola da sorte e as meias do avesso, saltitou no pé esquerdo em vez do direito.
Nesse dia, Eliseu e a sua equipa perderam por 30 - 0.

< Absurda
A caminho do encontro romântico, ela assustou-se com o gato preto que se atravessou à sua frente e partiu o espelho da maquilhagem quando caiu por baixo da escada que estava à porta do número 13. É preciso ter azar, mas valeu-lhe o facto de levar calçados os chinelos de patas de coelho.
A caminho de casa, ela achou uma ferradura. É preciso ter azar, não era do número que calçava nenhum dos seus cavalos.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Choram as pedras VII

Esta conversa tem acontecido muitas vezes ao conversador, e recentemente deu-se três vezes na mesma semana.

A conversa é sobre símbolos. E quando o conversador começa a atirar umas bujardas, perguntam-lhe onde leu ele essas "teorias".
Mas ele não leu nada, limitou-se a juntar factos. De qualquer modo, isto parece espantar imensa gente, por isso aqui se deixa uma versão simplista, muito simplista mesmo:

Os símbolos sempre acompanharam o homem, desde os primórdios.
Mas o homem está cá há demasiado tempo, e tem tendência para ser conflituoso. Então as representações pictóricas diluem-se.
Façam um esforço de imaginação e pensem que, hipoteticamente, um quadrado é o símbolo da NOITE, e um rectângulo com uma pinta no meio é o símbolo do DIA.
Já imaginaram? Agora, pensem como um quadrado se estica facilmente, ao mesmo tempo que um rectângulo pode rapidamente perder a pinta. Tem-se então que, ao fim de algumas gerações de pessoas a desenhar, o símbolo do DIA e da NOITE são iguais e não se distinguem.

Não está claro? Exemplos:
No segundo milénio A. D. houve o advento da religião católica, com a sua 'táctica inovadora' de absorção de outras religiões. Assim, os dias sagrados para os "pagãos" foram transformados em feriados católicos, e os respectivos símbolos desvirtuados.
Adicionando a recente influência de muita gente tão bem intencionada como estúpida, agora nunca se sabe quando é que um símbolo de repente se revela como sendo... ui... "satânico".
O caso que possivelmente mais se comenta é o denominado "sinal de cornos". Um sinal que basicamente é ao mesmo tempo do BEM (para uma religião dita gentia) e do MAL (para uma religião dominante)...
Escolheu-se este entre muitos por ser um caso particularmente interessante, já que por evolução da sociedade contemporânea também é hoje símbolo de PAZ e de REBELDIA ao mesmo tempo. Pimba, mesmo para trocar as voltas à malta. Um gajo estica dois dedos e já não faz ideia do que quer dizer com isso!

O exemplo mais simples, o círculo. Símbolo da PERFEIÇÃO desde que o primeiro homem desenhou o primeiro círculo.
E essa perfeição implica que um objecto colocado dentro de uma circunferência é protegido. Protegido?! Tragam a água benta que isso soa a magia negra! Pois, o círculo é agora também um símbolo do "OCULTO".
Mas não só. Já pensaram na quantidade de significados que se pode dar a uma circunferência? Não deve ter havido uma única civilização na História que não a tenha desenhado...
Pois é, uma coisa tão simples com uma bola não pode então ser desenhada de ânimo leve, e é esta tanto a beleza como o 'perigo' dos símbolos.

Mas o caso favorito do conversador começa com o antigo sinal das três luas.
Um crescente, um minguante e uma lua cheia fazem um antiquíssimo símbolo do ciclo da vida. E a lua crescente é uma evocação da fertilidade. Rapidamente alguém se lembra de juntar os dois, criando um sinal com três luas todas crescentes. Dispostas em círculo, claro, devido ao equilíbrio que isso proporciona.
Pois consta que foi aí que o Charles não-sei-quantas se baseou para criar o símbolo para perigo biológico, em inglês 'biohazard'. Sim, aquele símbolo engraçado que se vê nos laboratórios é uma adaptação moderna de algo que já existia há milénios. Portanto, aqui temos algo que é ao mesmo tempo símbolo de VIDA e símbolo de PERIGO DE MORTE. Esta é como o fiambre, extraordinária.

O último exemplo, pois é este que costuma realmente causar admiração. A cruz invertida.
Houve uns tipos meio alucinados e muito armados em rebeldes que quiseram gritar aos quatro ventos a sua fervorosa anti-religiosidade. Para eles a religião era a raiz de todos os males, e portanto foi um passo até à ridicularização dos símbolos cristãos. Viraram então a cruz ao contrário.
(A cruz como símbolo também já existia há milénios, é preciso não esquecer. O que só faz sentido, é um conjunto de linhas tão simples e ao mesmo tempo tão poderoso, que o homem sempre o desenhou, tanto a cruz cristã como, por exemplo, a suástica. Mas adiante...)
A cruz ao contrário é então um símbolo da não-religião. Depois vieram uns tipos meio alucinados e muito armados em profetas que acharam que não-religião é o mesmo que adorar o mafarrico, e portanto a cruz invertida é o símbolo do Diabo.
Acontece que S. Pedro... (sim, tem "S." antes, é porque é santo), o apóstolo Simão Pedro, o pescador, a "primeira pedra" da Igreja Católica, foi condenado a morrer crucificado. E, embora não se tenha a certeza da veracidade desta notícia, diz-se que ele se recusou a morrer como Jesus Cristo, pelo que o crucificaram de cabeça para baixo. Numa cruz invertida, portanto.
S. Pedro foi o primeiro papa. Deste então todos os papas são os representantes de S. Pedro na terra. E o símbolo de S. Pedro continua a ser uma cruz invertida. C'um caraças, o trono do papa, no Vaticano, tem uma cruz invertida em posição bem central!
Faltava esta para terminar em beleza, algo que é ao mesmo tempo símbolo de RELIGIÃO e de ANTI-RELIGIÃO.

Pronto, foi isto que o conversador não resistiu a deixar escrito neste blogue que, vejamos, é ao mesmo tempo um símbolo de ABSOLUTA PARVOÍCE e de PALHAÇADA IDIOTA.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Amanda-le VI

Há pessoas que não gostam de ler nada de nada de nada.

Para todas as outras há "O dia em que te recordei".

O leitor vai-se abster de fazer a apologia da leitura, hoje não se sente petulante e quem não gosta de pegar num livro que não seja "A Bola" está no seu direito.
Não, o leitor vai apenas fazer a apologia DESTE livro. Porque todos aqueles que lêem, mesmo que seja só de vez em quando, deviam prestar atenção a este título.

"O dia em que te recordei", pela editora TEMAS ORIGINAIS, é a primeira obra de uma nova autora. E 'nova' é a palavra ideal, pois Rita Cipriano mostra-nos o seu talento do alto dos seus dezanove aninhos.

Sim, Rita Cipriano tem o mesmo apelido do leitor. Sim, são de família. E sim, fazendo a soma, dezanove anos ainda conta como 'adolescente'.
Valerá então a pena ler este livro? Não será o leitor parcial, tratando-se da sua prima? É possível, mas não lhe parece.
Pelo contrário, o leitor quer destacar em letras grandes que se trata de alguém da sua família, porque sente orgulho, e quer deixar assinalado em luzes de neón que se trata de uma adolescente, porque isso torna ainda mais impressionante a maturidade e a força da escrita.

Prosa poética sobre Lisboa, ou a cidade vista de quem marca encontros com pessoas em busca das suas memórias... e acaba por se encontrar com as memórias e não com as pessoas.
Acreditem, é bonito de ver, e de ler.

Sigam este conselho, encontrem este livro e sentem-se num local onde se possam abstrair um pouco, depois investiguem as páginas e sejam esmagados pela dimensão eloquente do mundo que a autora criou.
Quem conhece o leitor sabe que ele lê imenso, e não é todos os dias que se encontra uma atmosfera obscura capaz de ensinar umas quantas coisas à célebre autora da saga "Crepúsculo".

O leitor pode tentar mover a sua influência e ver se consegue umas cópias mais baratas. Ele nem consultou a autora sobre isto, mas se ela não se chatear e se sentir benevolente talvez até as autografe.
Têm noção do que um autógrafo de Rita Cipriano pode valer daqui a uns anos?


Desta vez o leitor nem vai terminar a entrada com uma piadola. O assunto é sério.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Amanda-le V

O editor terminou um pequeno filme para o Grupo de Teatro Nova Morada. Trata-se da apresentação (à inglesa, trailer) da última peça dramática, e pode ser vista aqui:

http://www.horazero.webs.com/

O editor agradece que sejam deixados aqui comentários acerca da qualidade da montagem, ou falta dela.
O editor também está disponível para quem precisar de trabalhos destes, e leva barato. Se conhecerem alguém que precise, avisem, o editor agradece.


O editor gostava ainda de acrescentar que a peça estreia no sábado dia 17, no palco do Grupo, em Paço de Arcos, pelo que se querem ver teatro de qualidade podem e devem aparecer.
Se alguém quiser bilhetes, o editor consegue arranjar alguns de graça, peçam enquanto duram.

Para festejar a estreia foi organizado um espectáculo que complementa a peça. Assim, a primeira parte da noite vai estar a cargo do agrupamento musical Banda Gástrica, famoso por êxitos como "Não me dês morcela, Cacilda" ou "Anda cá que eu sopro", ou ainda o recente clássico "Vai tudo e é de costas!".

Cumprimentos respeitosos,
O Editor.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

É a mil V

Ano Internacional da Astronomia passa a Ano Internacional da Ficção Científica



Um estudo insuspeito, provavelmente encomendado pelas Nações Unidas, concluiu que o ano de 2009 deverá perder a designação de Ano Internacional da Astronomia, passando a denominar-se Ano Internacional da Ficção Científica.
Os fãs deste género cultural já se manifestaram em protesto. Várias marchas foram planeadas, onde se espera que haja uma adesão de milhares de pessoas. Segundo porta-vozes das entidades organizadoras, Ficção Científica é demasiado genérico e 2009 deveria chamar-se «o Ano Internacional da Confederação Spock Gallactica de Darth Vader».
Em conferência de imprensa, os directores do estudo não quiseram comentaram as anunciadas marchas. Afirmaram contudo que este não será apenas um retoque no nome com vista a torná-lo mais atraente, mas antes uma nova escolha que reflectirá melhor a sociedade. Ficção Científica será muito mais actual, porque, e passa-se a citar, «hoje em dia parece que já não sabem o que inventar e isto anda tudo doido».
Questionados sobre o significado destas afirmações, os citados directores responderam com um exemplo. Afirmam eles que o facto de quererem acabar com todos os livros, substituindo-os por consolas de leitura, é «digno de um episódio da série “Espaço 1999”… que já agora, toda a gente sabe que foi o Ano Internacional das Pessoas Idosas».
Foi ainda revelado que a conclusão do estudo não foi uma decisão unânime. Alguns cientistas queriam guardar a nova designação até 2010, onde se espera que várias realidades agora obsoletas sejam reformuladas. Para além da consola de livros deverá surgir o pequeno-almoço virtual e o sexo a fingir, ambos com aromas realistas libertados de um ecrã e sofisticadas colunas estereofónicas.
Os jornalistas aproveitaram a conferência para interpelar os cientistas acerca da eventual relação entre as conclusões do estudo e outras áreas da sociedade, como a política mundial, mas a resposta foi peremptória: «nós dissemos Ano internacional da Ficção Científica, não dissemos Ano Internacional da Parvoíce».
Fica assim extinto o único nome popular que um Ano Internacional já teve, pelo menos em Portugal. Isto porque, como se sabe, Ano Internacional da Astronomia em abreviatura fica AIA, e as pessoas habituaram-se a classificar 2009 como o ano “AIA Minha Vida”.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

É a mil IV

Isto não dá para tudo, e o publicitário teve de suspender a sua actividade como actor de teatro.
Mas pronto, não há problema, o Diogo Infante substitui.

Só que agora o publicitário, parecendo que não, acabou por ter mais algumas horas de tempo para gastar.
Uma amiga sugeriu-lhe "e que tal sexo?", enquanto piscava muito os olhos sabe-se lá porquê, mas o publicitário não gostou da ideia porque não lhe apetecia estar sozinho, e além disso a masturbação perde a piada depressa.

Foi aí que o publicitário chegou à conclusão de que tinha de começar a treinar para a única coisa que lhe faltava fazer:
Ser toureiro.

Só podia. Tanta conversa sobre tourada tinha de ir dar a algum lado, e além do mais já diz o ditado, "se não podes vencê-los junta-te a eles".
É por isso que o publicitário já iniciou as aulas teóricas para dizer "olé" em dez línguas, e se tudo correr bem para a semana já começa a levar cornadas na boca.

Mas o publicitário é original, e vai inovar.
Estão por isso na presença do primeiro e único... toureiro-domador do mundo!

Nem mais, espeta-se-lhe umas coisas afiadas no lombo, e ainda o touro nem sabe bem o que lhe aconteceu já está a fazer equilibrismo com uma bola no focinho!
Isto entre outras proezas que estão a ser desenvolvidas e que o touro vai ser treinado para realizar, tais como:
- O fabuloso mergulho para cima de 7 forcados enquanto toma balanço ao pé coxinho!
- O magnífico salto através de um arco em chamas, todo nu!
- O espectacular número de contorcionismo em cima de um cavalo!

A cartola e o chicote do publicitário já foram encomendados, falta só deixar crescer a bigodaça.
Esperem para ver, a arena nunca mais será a mesma!!

Mas não se apoquentem os mais classicistas, as tradições são para manter e há coisas que são milenares:
Vai continuar a ser proibido dizer a sílaba "le" na palavra "telefone".
Vai-se continuar a serrar os cornos aos touros e ainda por cima a forrá-los com cabedal. Assim é muito mais à homem, e além do mais uma pessoa ainda se aleija naquilo.
Vai continuar a ser tudo, mas tudo, culpa do touro. Se der uma cornada no cavalo é porque não colabora, se pisar um forcado é porque não se sabe comportar, se baixar a cabeça é porque baixou, se levantar é porque levantou, se correr muito não é de raça, se correr pouco não é aguerrido, e por aí fora. Há coisas que nunca mudam e esses bichos às vezes nota-se que é mesmo por maldade, fazem tudo só para nos estragar a festa.

O publicitário promete ainda batalhar com todas as suas forças por uma causa nobre:
Acabar com um conservadorismo que já não se usa. O facto de as pessoas não poderem participar independentemente da sua orientação sexual vai ter de acabar.
O publicitário vai dar tudo, mas tudo, para que também possam entrar na tourada os que não são homossexuais.

Só porque alguns homens não têm um caminhar como se lhes tivessem entrado demasiados cornos pelo orifício dentro, será justo que não possam ser toureiros?
Só porque há homens que não apreciam usar três mil pregas cor-de-rosa glamorosamente abichanadas, ou são alérgicos às purpurinas, será aceitável que sejam excluídos sem piedade?
Só porque nem todos os homens conseguem arrumar os testículos para o lado nos calções emprestados pelo palhaço-anão do circo Chen, estará certo não sejam admitidos na festa brava?

E os cavalos? Mas será que também eles têm de ser todos gays e travestis?
O publicitário é todo a favor de abertura de espírito e liberdade, mas qualquer tipo de descriminação é negativa.
E com todas aquelas trancinhas e fitinhas e florzinhas e lacinhos, não há ali um único cavalo com cheiro a cavalo.

Agora, com um programa destes, é pensar seriamente na ideia de organizar um partido para as autárquicas!




P.S.: Das outras vezes em que o publicitário disse que não ia falar mais de tourada não valia. Rebenta a bolha! Não estava a contar!

P.S.S.: E sim, é mesmo verdade, o publicitário andou a ocupar espaço na internet para vender a avançada ideia de um toureiro domador e o seu cavalo heterossexual.
Isto, a falar de touradas, pode-se ser tão idiota e infantil quanto se quiser.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Inventam-nas todas VII

Esta história é baseada em pessoas reais e inspirada em factos verdadeiros, mas não tentem isto em casa.

Houve um tempo em que o criativo trabalhava num clube de vídeo.
Chegava da faculdade e voltava a sair para apanhar o autocarro até à minúscula loja onde ganhava o ordenado mínimo, mas era a melhor parte do seu dia.

Basicamente, pagavam-lhe para estar ali sentado horas a ver filmes.
E de vez em quando alugar uma cassete ou vender umas gomas a um cliente que lá aparecesse, mas era mais ver filmes.
O criativo, se fosse honesto, tinha-o feito de graça...

Pois uma bela noite, ao sair do clube de vídeo para voltar para casa, o criativo decidiu que não ia para o autocarro. Nessa noite, sabe-se lá porquê, decidiu que ia a pé.
É algo que não faz sentido nenhum porque isso significava andar vários quilómetros, perder horas da sua vida e chegar tardíssimo e cansado.
Ainda hoje ele não sabe explicar porque é que que dessa vez, e só dessa vez, lhe deu para isso.

Mas enfim, lá vai o criativo, todo contente às tantas da noite, à beira da estrada sem passeio, a caminho de casa.

Sucede ainda, para elucidar o leitor menos atento, que no caminho para Porto Salvo vindo do norte se tem de passar por um dos montes mais alto do concelho. No topo vê-se parte do que pertence a Cascais, um bocado de Sintra, zonas de Lisboa, da margem sul, e basicamente toda a Oeiras lá em baixo num vale.

Lá vai então o criativo, todo contente às tantas da noite, à beira da estrada sem passeio, a atravessar o alto desse monte.
E o que aconteceu?

Apagou-se tudo.
Tudo.
Apagou-se tudo.

Já alguém ouviu falar no famoso apagão que deixou literalmente metade de Portugal às escuras?
Pois o criativo estava num 'miradouro' no exacto segundo em que sucedeu.
Desculpem a dramatização, mas é uma das imagens mais incríveis que o criativo já viveu.
Foi Cascais, Sintra, Lisboa, margem sul, e toda a Oeiras a desaparecer diante dos seus olhos.
Absolutamente inesquecível.

A primeira reacção do criativo foi parar e pensar: "isto não foi bom".
E de facto não tinha sido. Ele depois correu ruas e ruas onde tudo estava apagado, até semáforos.
Mas isso não é preciso mencionar, toda a gente se lembra da fatídica noite de um dos maiores apagões da história, sendo que oficialmente a culpa foi toda da Ciconiforme.

Se as coisas que sucedem ao criativo viessem num filme, muita diria "que exagero, isto nunca acontece"!

O que é certo é que a data de 9 de Maio de 2000 é uma que ele sabe de cór.
Está bem, pronto, ninguém faz ideia do ano exacto, quanto mais o dia, mas para isso serve a internet.
O apagão até tem direito a página própria no 'wikipédia', e a referências um pouco por todo o mundo.

E para já o criativo rejeita a ideia da cegonha. A explicação popular, de que "um OVNI teria sugado energia de algum poste de alta tensão", é claramente muito mais apelativa e coerente. Enfim, é mais fixe.
Ser um OVNI tem um factor de fixeza de para aí uns 120. (A escala nem interessa, 120 é sempre alto)
Além de que o criativo, tendo várias explicações para um fenómeno, vai sempre por aquela que inclui o verbo 'sugar'.

Seja como for, uma explicação é devida aos portugueses. Ou é agora que vem a piada que se exige: Faça-se luz sobre este assunto!

Ahahah esta foi linda! o criativo devia pensar em ganhar a vida como criativo!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Ir pela sombra V

Os blogues têm coisas estranhas.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Vai já daqui VI

Hoje o petulante sente-se petulante.
Mas é só hoje.

Para já ele vai-se borrifar - outra vez! - em quem lhe pede que escreva menos e só sai daqui quando os dedos deixarem de obedecer por causa das cãibras.
E continuando nesse espírito, ele gostava de mencionar a fantástica experiência por que passou recentemente.
Foi numa residencial manhosa em terras espinhenses, onde de noite se matavam centopéias com as páginas amarelas, e de manhã se era acordado com os gritos da mulher por baixo da janela a vender peixe ao sol.

Nessa estância de luxo o petulante teve o que é para si um privilégio raro, uma televisão com mais de quatro canais.
E descobriu aí que a televisão é toda um lixo. Não é novidade, está bem, mas afirmá-lo é petulante.

E no meio do lixo viu um programa de comédia, com um 'camone' qualquer a mandar piadas para um microfone.
O programa já custava a aguentar porque o tipo era um bocado parvo e só de vez em quando é que tinha piada - é mais ou menos como este blogue -, mas ao fim de algum tempo tornou-se impossível.
Porquê? Porque 40% da duração do coiso se passou em aplausos.
A cada graçola o público fazia questão de dar uma estrondosa salva de palmas. Num programa com três mil e quinhentas piadas, é obra...
Tem-se então um programa de uma hora que durou duas, e muita mão dorida naquela gente na hora de ir para casa.

E esta, foi petulante? Esperem que vai piorar...

Na maior parte das vezes era aplauso automático, via-se na cara dos espectadores.
Só que, pronto, coitado do senhor, se ele disse uma gracinha é preciso retribuir ou ele pode pensar que não se gostou.
Claro que havia aplausos sinceros, como os daquele senhor que aparece sempre nestas cenas a tentar uma salva de palmas sozinho quando está tudo quieto. Sim, esse pobre estava lá!

E o pior é que isto nem sequer é exclusivo dos camones... - e os mais sensíveis que mudem de página, porque agora é que o petulante vai ser mesmo petulante e julgar os outros - A quantas peças já o petulante assistiu em que o público achou que tinha acabado, e na dúvida, contra toda a lógica e bom senso, começa a aplaudir?
O petulante já viu mais do que uma vez encenadores a mandar calar o público, mas a 'melhor' deve ser quando uma apresentadora, sentido uma ovação interminável, entrou na sala a agradecer a presença das pessoas.
E os actores no palco, à espera para poderem concluir a peça!!

E em quantos concertos 'clássicos' não esteve o petulante onde, percebendo o público que uma canção vai terminar, começa logo num enorme aplauso que nem deixa ouvir o final?
Respondem, e qual será o problema com isso?? Agora já não se pode aplaudir, é??
Pois bem, pensem naquelas rádios que têm a mania idiota de cortar o fim das canções. É um efeito parecido.
Podia-se aplaudir no fim de tudo, até durante horas, mostrando assim aos artistas como se apreciou, mas para quê, vai-se espalhando as palmas, assim no fim já estão quase todas despachadas e pode-se começar mais cedo a atropelar pessoas na saída para ser o primeiro a chegar ao carro.

Agora respondem, ainda bem que há pessoas a ir a espectáculos e a gostar deles e a bater palmas. E que se ninguém batesse palmas não havia grande coisa para contar no que à arte diz respeito...
Para já, essas frases têm zero em petulância, nem uma petulânciazinha, portanto nem interessa se são verdade.
E depois, as pessoas que dizem isso são provavelmente as mesmas - Ai, em nome de Santa Eufémia, que o petulante vai agora ultrapassar limites nunca vistos de petulância, afastem as crianças e por favor não tentem isto em casa! - que deixam tocar os telemóveis no meio de um espectáculo. Às vezes depois de terem sido avisadas em três ocasiões distintas!
O petulante exige, cheguem ao pé dessa gente e removam-lhes o cu.

Portanto, filhos, resumindo... em nome da decência... por caridade... sigam este guia singelo e não dêem barraca num espectáculo.
Sejam civilizados. E já agora, aproveitem esse recém-adquirido civismo para ir a mais espectáculos, que há muita coisa boa feita por aí.

Enfim, o petulante sabe bem que há problemas muito, mas muito mais graves no mundo para se preocupar, todos os males fossem estes...
Mas mandar vir com estes problemas menores tem muito maior valor de petulância.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Inventam-nas todas VI

O aniversariante talvez aconteça que seja capaz de por vezes, eventualmente, divagar um pouco...
Por isso desta vez o aniversariante vai tentar concentrar-se no tema, adivinhem só, dos aniversários.

É que alguns desses dias são propensos a acontecimentos interessantes.
Como por exemplo aquela vez há muitas décadas, na terna idade que lixa completamente um gajo e a que chamam infância.
Os aniversários eram um pretexto para juntar o pessoal todo e ir para a rua. E como, a seguir a uma bola de futebol rasgada, o entulho das obras era o brinquedo mais sofisticado que se conseguia arranjar, vai então o maralhal todo inspeccionar as casas em construção.
Quais engenheiros civis! A malta é que mandava naquela cena toda!
Fazia-se de tudo, só faltava remodelar quartos e acrescentar divisões.
Mas nesse dia é capaz de não ter corrido muito bem... No meio da conversa, em pleno primeiro andar da vivenda, o aniversariante aproximou-se demasiado da beira, deu um passo descuidado para trás e caiu desamparado.

Ora, vejamos como vai a história até aqui... malta... obras... passo para trás... cair do primeiro andar de uma vivenda e aterrar de costas no chão, sim, confere.
Bom, se o aniversariante está a escrever isto é porque não foi desta para melhor, embora ele não saiba bem como é que isso não aconteceu.
Quando deu por si estava no meio da terra, e lá em cima, lá muito em cima, os outros a olhar para ele.
Houve uns segundos, ou minutos, de silêncio total, enquanto a surpresa era absorvida. Depois o aniversariante começou a chorar. Mas foi de choque, porque fisicamente não tinha nada.
Levantou-se e foi para casa, sacudindo a terra da roupa para que a mãe não topasse nada.
Mentira, houve uma mazela física, estava a sangrar da unha de um dedo mindinho!




Um outro aniversário muito peculiar foi bem mais recente.
O aniversariante morava num quarto alugado na casa de outro tipo. Os dois mal se viam, mas em parte era por isso que a coisa funcionava muito bem. Como eles nunca paravam em casa ao mesmo tempo, cada um acabava por ter o apartamento só para si.
Mas no dia do seu aniversário, o aniversariante chegou a casa vindo de uma festinha com a família, e o 'senhorio' estava na conversa com uns amigos. O aniversariante pousou todos os sacos de prendas e mandou uma boca do género 'vieram para me dar os parabéns?'. Esperava um olhar de surpresa, seguido de uns sorrisos, qualquer coisa do género 'fazes anos hoje?'. Em vez disso o senhorio fitou o aniversariante com cara de caso, enquanto os amigos começaram a olhar uns para os outros. O aniversariante estranhou, mas ainda sorrindo, insistiu com um 'a sério, faço anos hoje!'. Como resposta, o senhorio fez uma cara como se o aniversariante estivesse a abusar, enquanto os outros alternaram entre o sorriso amarelo e a risadinha, ah, ah, tens mesmo piada.
Que cambada de imbecis, pensou o aniversariante, e foi para o seu quarto.
No dia seguinte, ainda antes de o aniversariante poder confrontar o senhorio sobre educação e maneiras, o senhorio perguntou-lhe 'olha lá, mas tu fizeste mesmo anos ontem?'. Que raio de pergunta, pensou o aniversariante, e disse 'mas quem é que inventa que faz anos??'.
A resposta do senhorio foi tudo menos o que o aniversariante esperava ouvir, 'é que aqueles são os meus amigos do trabalho. Vieram fazer-me uma surpresa pelo meu aniversário!'

Portanto, o aniversariante, que nunca tinha conhecido uma pessoa que tivesse nascido no mesmo dia que o seu, conseguiu que a primeira fosse o gajo com quem morava.
Ah, e apesar de viverem na mesma casa há meses nunca falaram no assunto, e ainda conseguiram deixar que o dia chegasse sem que se apercebessem do que se ia passar.
Depois claro, dá-se aquele momento inaudito.
Do ponto de vista do aniversariante, aquela gente que nem se dignou a dar os parabéns era parva todos os dias, a começar no cretino do senhorio e a acabar nos idiotas dos amigos deles.
Do ponto de vista do senhorio, era muito esquisito que o aniversariante tivesse descoberto, sabe-se lá como, que ele, senhorio, fazia anos.
Do ponto de vista dos outros, o tipo que vivia com o amigo deles era um palhaço foleiro, com a mania que tinha graça.

E do ponto de vista do senso comum, o aniversariante teima em achar que estas coisas só acontecem a ele...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Amanda-le IV

SUPER OFERTA!!!

Seja um DEUS.
E sem ter de pagar nada!

No "Quando Chegar, Escrevo" surge uma iniciativa única a nível mundial.
Você pode decidir o destino de uma vida.
E sim, é totalmente GRÁTIS!!!

Basta que responda à seguinte questão:
- O guionista deve aceitar fazer um trabalho de um guião, que paga cerca de 5% do valor que foi pedido?
Hipótese A: É trabalho mal pago mas é trabalho.
Hipótese B: Nunca, é uma questão de justiça.

Diga à família, aos amigos, ao cão, e vote! Depois vá dizer à internet, e volte para votar novamente!
Para votar só é preciso deixar um comentário no blogue. Pode dizer o que lhe apetecer, ou não dizer nada, desde que deixe a escolha "A" ou "B".

Depois de contados os votos, o guionista agirá em conformidade!! E o melhor de tudo é que é de graça!!!

Vote, é mesmo possível ter a vida de um homem nas suas mãos.
ATÉ 5 DE SETEMBRO, TORNAR-SE UM DEUS ESTÁ AO ALCANCE DE UM CLIQUE!

sábado, 29 de agosto de 2009

Choram as pedras VI

Vá, agora a sério.
Está na hora de deixar as parvoíces que são só para o próprio se rir e colocar por aqui algo que tem sido adiado.
(É verdade que o facto de o próprio se referir a si como "próprio" não augura nada de bom, mas vai melhorar, sério, ou pelo menos assim se espera...)

Isto porque o próprio vai contar o que tem andado a fazer desde o início de ano da graça de 2009.
Basicamente, e em jeito de resumo, o próprio tem tentado tudo para perder o juízo. Senão, vejamos:

No princípio deste ano, o próprio morava numa casa alugada, em Oeiras.
Agora mora em Oeiras na mesma, mas numa casa que ficará a pagar durante mais anos do que tem de vida.

No princípio deste ano, o próprio morava num R/C Frente pequenino.
Agora mora numa vivenda que tem casas-de-banho que ele nunca utilizou.

No princípio deste ano, o próprio morava no centro.
Agora mora numa rua onde já teve de parar o carro para deixar atravessar um bando de codornizes.

No princípio deste ano, o próprio abria os estores do quarto e via os restos das garrafas dos putos bêbedos na noite anterior.
Agora abre as portadas, sai para a varanda, e vê eucaliptos.

No princípio deste ano o próprio tinha móveis usados que enchiam a casa até não caber mais.
Agora os seus móveis ainda mais usados são ilhas perdidas num mar de pavimento flutuante.

No princípio deste ano o próprio gostava de pintar com lápis directamente nas paredes da entrada.
Agora tem medo de andar pela casa porque a sua respiração pode alterar o pH do 'branco sonata'.

Ah, e em jeito de conclusão, o próprio não resiste a deixar aqui o relato da primeira semana nocturna no palacete.
- Na PRIMEIRA noite faltou a luz!
- Na segunda noite a televisão começou a assobiar como se fosse explodir
- Na terceira noite houve um ataque incrível de formigas
- Na quarta noite o carro teve de ficar na rua porque o portão automático não fecha
- Na quinta noite o esquentador avariou
- Na sexta noite houve uma invasão de bichos-de-contas
- na sétima houve uma combinação das 4 anteriores, mas entretanto foram ou estão a ser resolvidas



Ao mesmo tempo da telenovela anterior decorre uma outra, esta chamada "Tchau Catefica, foi legal mas me mandei":

No princípio deste ano, o próprio era engenheiro.
Agora é redactor publicitário.
Sim, deixou a magnífica carreira que tinha, derivada do magnífico curso que tirou, e agora, se tudo correr bem, vão-lhe pagar para escrever e ter ideias. Isto é tão bonito e soa tão bem que até nem se coaduna com um blogue destes.

No princípio deste ano, o próprio rebentava de felicidade por não ter de estudar.
Agora vai voltar para a escola.
Ainda não é absoluto e ainda não se inscreveu, mas aqui se deixa escrito porque também não soa mal de todo.

No princípio deste ano, o próprio estava a tentar escrever uma segunda peça.
Agora vai realizar uma segunda curta-metragem.

Isto está a ficar demasiado belo. Até havia mais boas notícias, mas este blogue não merece.
O próximo texto terá de ser bem cáustico, para contrastar com tanto arco-íris de felicidade primaveril!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Choram as pedras V

O macho podia pedir desculpas por ter demorado tanto tempo a escrever aqui, mas primeiro ninguém lê este blogue miserável, e depois os verdadeiros machos não pedem desculpas.

E também ainda não é desta que o macho vai explicar exactamente quais foram afinal as mudanças e novidades que se ouve dizer por aí.
Não que faça diferença andar com 'suspanses', isso só funciona com blogues que não são uma massa lamacenta como este, é simplemente porque os verdadeiros machos nunca despacham a coisa.
(Claro que agora os assíduos leitores pensam algo como «mas eu pensava que "despachar a coisa" até era de macho», seguido de uma risada badalhoca, mas isso é porque os pontuais leitores têm uma mente badalhoca, o macho vai passar adiante)

E sendo assim, o macho resolveu comentar uma frase que encontrou na internet, e que é a seguinte:
"E a arte de acabar com as touradas? Isso é que era uma emoção."
(in quandochegarescrevo.blogspot.com)

Ah... a auto-indulgência é uma coisa maravilhosa. É só endorfinas e nem é preciso fazer exercício. E o narcisismo? Ui, ca bom!
Ainda por cima a auto-indulgência e o narcisismo são duas palavras compridas e cheias de consoantes, dá logo ar de capricho de gente fina.
E foi por isso mesmo que o macho tem vindo a repetir neste texto a palavra "badalhoca". Para agora poder dizer:
BADALHOCAA!!!
(vide "Choram as pedras I")
Sim, esta também tinha de entrar, a adoração por si próprio é marca dos verdadeiros machos.


Bom... mas isto, no meio de tanto enchimento de morcela, o macho ainda não disse nada.
E não promete que agora vá dizer, mas pelo menos tentará. Tentará.

E o que lhe apraz falar então acerca da tal frase da internet, é que tudo o que mete animais lhe faz confusão. A começar no circo e a acabar nas exibições com cavalos.
(Actividades com animais só a caça e a pesca, essas sim, são uma onda explosiva de testosterona, bem de macho.)
Mas as corridas de touros são o auge, devem ser a pior canalhice que há por aí...

E isso levanta um ponto extremamente importante: é que agora consta por aí que a tourada é só para, e cita-se:
"Verdadeiros machos".
Ora, como tudo o que diz "verdadeiros machos" é sempre verdade, o macho, que não gosta de touradas, não deve ser um verdadeiro macho.
Será então o macho uma fraude? Um falso macho?
Isso são crendices que aborrecem o macho, que chateiam a sua masculinidade e indignam cada um dos seus pêlos do peito.

Ah, e entretanto a redacção desta anormalidade de blogue acabou de receber uma mensagem no tuíter, do senhor Eliseu, da Venda do Pinheiro, que diz que é melhor parar já de falar de touradas, que se o assunto já foi abordado porquê repisar, e que assim é uma maçada.

Mas é que, nem de propósito, desde que o macho aqui escreveu sobre corridas de touros, parece que virou moda mostrar coisas dessas em directo no horário nobre, em pelo menos três canais de televisão.
O macho não tem culpa que as televisões sejam umas imitadoras que não podem ver nada.
Mas tudo bem, ser macaquinho de imitação é só para verdadeiros machos!

Como tal, o macho resolveu imitar os que o imitam, o que no fim vem a dar que se imitará a si próprio.
Confuso? Basicamente significa que o assunto touradas vai ser novamente tratado aqui, este texto serve só de introdução.
Ou seja, outro truque reles, mas o macho não se rala.
Mais, sente que tem credibilidade para tudo. Neste blogue da tanga o nível é tão baixo que não se correm riscos...

Aliás, continuando a busca do recorde do Guinness para a maior quantidade de regras de bom senso quebradas num texto da internet, o macho tem a afirmar que acabam de lhe dar trabalho urgente para fazer, que é algo que se faz apenas a verdadeiros machos, pelo que esta converseta terá de ser terminada agora.

Pronto, objectivo conseguido! Um texto imenso a falar parlar e a refalar, sem dizer rigorosamente nada.
Esta foi de macho!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Amanda-le III

É oficial, o argumentista já deu à luz.

"O bebé", argumento vencedor do concurso de anúncios da Optimus, está na internet, fresquinho e acabadinho de sair.

Novo bebé se aproxima, o argumentista em princípio será 'o pai' numa curta-metragem que se avizinha.
Isto quando a paternidade chega depois não se quer outra coisa...

Mas quanto ao anúncio, os caros leitores deste desculpa ruim para blogue podem ir a http://www.optimus.pt/Particulares/Servicos/Oteufilme/filmesvencedores
e assistir ao filme da categoria Drama.
Ah, e votar. Ou seja, e passa-se a citar, "Para votares no Filme 2 envia SMS grátis com o código ZN Filme2 para o 4902."
O vencedor ganha um estágio, e a única coisa de que o argumentista gosta mais do que ser pai é de estágios.

A propósito, a internet é uma treta e os filmes não se conseguem ver bem.

Mas quem não conseguir diga, que o argumentista arranja o filme em ficheiro.
Não arranja é os outros dois, mas isso é irrelevante porque é para votar neste à mesma. Não importa se até nem foi o que mais gostaram, o nepotismo é a base da civilização ocidental.


...Entretanto, hoje anda uma manifestação lá fora. Centenas de pessoas juntaram-se e rumaram a Catefica, gritando contra este blogue fofinho e amoroso.
Reinvindicam que pela antecipação da expressão "vai ser pai" esperavam muito mais do que um reles filmeco.
Que se o argumentista fosse pai de algo que não vem na internet, isso sim era uma novidade.

Para já o argumentista deve dizer que isso não iria acontecer porque ele é contra o sexo antes do casamento. E também contra o sexo depois do casamento, não há cá dessas poucas-vergonhas pecaminosas.

E depois, se o problema é novidades, talvez se arranjem uma ou duas que aconteceram na vida recente do argumentista. Mas isso virá na próxima entrada do blogue.

Este estilo telenovela/cenas dos próximos capítulos, funciona tão bem como parece?

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ir pela sombra !

Rejubilai!
Ah, a bem aventurança!!
Regozijai-vos, pobres mortais (todos os três que lêem isto), pois o blogue escanifobético está de volta!

Houve vários pedidos (das três pessoas que lêem isto) para que o escriturário alterasse um pouco os moldes do blogue, trocando as entradas espaçadas e com textos longos, por outras diárias e com textos curtos.
O escriturário apenas pode prometer que vai pensar seriamente nisso.

Até lá, escrever rios de palavras sem nexo nenhum é muito mais divertido, pelo que, aguardem caros leitores (todos três), por novos desenvolvimentos.

E para não defraudar as expectativas dos fãs (os dois, há um deles que por esta altura já deixou de ler), aqui se deixa uma novidade sumarenta:
O escriturário vai ser pai.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Ir pela sombra ?

Desde que recebi esta tarde um certo telefonema, este blogue está em suspenso.
Não sei quando irá voltar ou em que moldes, pode ser para a semana, pode ser nunca...

Até lá, vão lendo o que está para trás, deixem aqui ameaças de morte, fechem a janela para nunca mais voltar, não sei, qualquer coisa.

Miguel.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Vai já daqui V

Porque o espectador já devia saber melhor do que olhar feito parvo para a televisão, deu com um programa onde estava Pedrito de Portugal a agitar uma toalha à frente de um touro.
Quando o insígne toureiro terminou de sacudir as migalhas, pôs a toalha debaixo do braço, e naquela praça foi o êxtase orgásmico.

Naturalmente que o espectador tem problemas com isso.

No fundo é igual a um concerto de hárde róque, onde o "êxtase orgásmico" faz parte integrante. A malta berra e salta, (excepto os conhinhas que se sentam em vez de ir lá cheirar do suor dos outros como é suposto), porque viu cuecas a voar para o palco, porque ouviu a beleza da música, porque sentiu a adrenalina a rebentar!

Ali na tourada também! A malta berra e salta, porque viu... viu...
...um gajo a desorientar um bovino.

- Catorreira, Bernardo Martim, você viu? Aquele empregado com a toalha de mesa acabou de trocar as voltas a um ruminante.
UAU!!!
A Glória!
Ah, não ser o espectador mulher, para que Pedrito de Portugal lhe fizesse um filho!

E depois veio-se a descobrir, a gema televisiva em questão chama-se, muito apropriadamente, "Arte e emoção".

Quanto a emoção estamos conversados. É que o touro estava mesmo confundido, e ensanguentado, que emocionante!
Mas afinal ainda é mais do que isso. É arte.

Só mesmo uma mente obtusa como a do espectador, que não faz mais nada na vida além de blogues vomitosos - sim, é uma palavra inventada agora, mas os neologismos aqui valem como verdades absolutas -, só mesmo o espectador, dizia-se, podia duvidar que espetar varas afiadas num touro é uma refinada forma artística.
Mas estava enganado. E por ter cometido tão grave falta, açoita-se, vilipendia-se e chicoteia-se todas as noites.

Agora, sim, finalmente ele entende!... Esfregar uma toalha nos olhos de um bicho daqueles é uma arte superior. É uma corrente de expressão do sublime, é a manifestação de uma nobre revolução criativa!
Oh, ninfas do Tejo, sede musas destes excelsos artistas, para que com a vossa inspiração eles possam espetar melhor os paus no lombo!!

Isto o que vale é que tudo é arte...
Nem de propósito, no outro dia o espectador viu numa montra o livro intitulado "a arte de arquivar". Com todo o respeito pelos arquivistas, a arte de aquivar?!
Tudo bem, é certo que arte pode ser praticamente o que se quiser, o belo pode manifestar-se de formas infinitas, mas parece ao espectador um caso grave de banalização de palavras.
Quando o espectador trabalhava no Pingo Doce nos tempos da faculdade, bem que lhe podiam ter dito que ele estava a praticar a "arte da reposição em prateleiras", que ele teria logo feito a coisa de outra forma!...

É a arte de chamar arte a tudo.
E agora o espectador despede-se, que vai ali ao multibanco tratar da arte da gestão de fundos de investimento com capital garantido.

Arte e emoção, haja paciência!
E a arte de acabar com as touradas? Isso é que era uma emoção.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Choram as pedras IV

Várias pessoas incomodam o proletário na rua, para saber porque é que ele fala tanto de Torres Vedras.
É que elas sabem que ele é de Oeiras, essa povoação magnífica na toponímia nacional.

Pois bem, o proletário, mais ou menos na altura em que iniciou este blogue sem ponta por onde se lhe pegue, também deu por si a ser atirado, no meio de vociferações, chicotadas e torturas feitas por pessoas com tridentes e que lançavam fogo da boca, para um trabalho no estupendo lugar de Catefica. Lá está, no concelho de Torres Vedras.

Caso haja dúvida sobre a Catefica de que se fala, é a que fica ao pé de Orjariça.
Agora, poderá quem, incrivelmente, não saiba onde é a Orjariça, ou mesmo - como é possível! - onde é Catefica. Para essas almas alienadas do mundo, o proletário passará a explicar:
Catefica é a aldeia onde fica a empresa que gere as auto-estradas.
Fim.

Ah, mas não pode ser assim tão desértica...
Pode, pode. Atenção, o proletário até gosta muito de lugares sossegados e sem confusão, e o sítio é bem bonito, mas que não se discuta quando ele diz que não se passa aqui nada.
Nada.
Nada, já foi mencionado?

Consegue-se contar os carros que passam na estrada da aldeia, benza-a Deus.
E geralmente são tractores ou carrinhas com animais, já que a maioria dos velhotes prefere passar simplesmente a pé, com uma enxada pelo ombro.
A grande novidade quando se chega a Catefica é saber se o moinho da aldeia está parado ou se soltaram as pás para rodarem com o vento. Está todo pintadinho e rodeado com uma cerca. Sim, não chegue alguém à metrópole para o roubar. Há por aí uma ladroagem de moinhos!

Mas a excelsa terra de Catefica tem surpresas mil, segredos profundos, misticismos por revelar.
Como a emoção de hoje, onde se meteu o rebanho de ovelhas que costuma pastar no prado em frente à janela?

Bem, a verdade é que também há fenómenos mais perenes, quem diria que existe um pântano de areias movediças do outro lado da estrada, onde o proletário se atolou ao tentar fotografar um poço?
(Depois teve de voltar ao trabalho com lama pelas pernas, mas ele acha que ninguém reparou)
E aquela colina onde está uma imensidão de antenas eólicas? Para quem não se impressionar com isso, informa-se que as mesmas se encontram rodeadas por um mar amarelo, o maior prado de azedas desde que há azedas no mundo. Ou seja, paisagens insólitas. Há fotos.

Mas aquilo que realmente define Catefica é os animais.
Não, não é ovelhas.
E por falar nelas, em nome de todos os santos onde foi parar o tal rebanho??
A teoria de que o pastor simplesmente as levou para o palheiro não convence ninguém. Até porque ele veio ao edifício das auto-estradas para se queixar de que as raptaram, e que desconfia que em conspiração com os gangues de assaltantes de moinhos há cartéis internacionais de contrafacção de lanifícios. Ele só pede que ao menos os raptores tomem atenção à Malhada, que não gosta de encontrar folhas no meio do feno...
(Pronto, está bem, esta última parte de o pastor vir queixar-se é mentira, mas isso é outra característica de Catefica, as pessoas têm de inventar novelas para ter alguma coisa para fazer)

Enfim, adiante, não é ovelhas. Será então o quê, coelhos?
De facto, há aqui mais coelhos na relva do que folhas de relva, mas isso não impressiona. Até à frente da casa do proletário há coelhos.

Não, os animais que distinguem Catefica são outros. Ratazanas. E lagartos.

Agora, o proletário tem de dizer uma coisa. A verdade é que desde que aqui está ele nunca viu uma única ratazana. Ou um rato, já agora. Nem sequer um porquinho da índia para amostra.
Mas a julgar pela quantidade de ratoeiras que há espalhadas pelos edifícios, elas devem ser aos milhares de milhões.
Numa terra que bate recordes, aqui está mais este, a maior concentração de ratoeiras do mundo. Em todos os cantos há não uma, mas duas ou três. Os autocolantes a dizer "não coma, perigo, veneno para ratos" estão em todas as paredes. O que mais agrada o proletário é o que fica por cima de uma das ratoeiras na copa, a que está mesmo ao lado do microondas.

Quanto a lagartos, bom, isso é outra história.
Andam por todo o lado, os petizes. Nos jardins, nos parques de estacionamento, consta que no outro dia entrou um na sala do tabaco. Diz-se que dá azar quando se atravessa um gato preto mesmo à frente, então e se for um lagarto de 30 cm quando o proletário vai a descer as escadas, dá o quê?

Ah, e depois os lagartos ficam presos nas ratoeiras. É um zoológico, isto.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Inventam-nas todas V

As maravilhas que acontecem numa semana:

Logo para começar, o distraído vê umas folhas de jornal no chão. Como acabou de passar por lá com o jornal na mão, fica na dúvida se foi ele que as deixou cair. Põe-se todo altruísta a apanhá-las, até que vê uma sombra, olha para cima, e topa com dois mal-encarados técnicos das obras, que as tinham lá posto para poderem trabalhar, o distraído estava a estragar aquilo tudo. O distraído bem se riu, mas eles não acharam graça.

Daí a algumas horas houve a noite do marisco. O sítio promete, é famoso pelas conquilhas.
Não tinham conquilhas.
Depois o distraído é que é distraído... Enfim, vêm amêijoas. Bastante boas, tirando o facto de terem lá pelo meio umas cascas estranhas e sem molusco. Sim, eram de conquilhas.
Adiante, a seguir pedem-se navalheiras. Vêm uns caranguejos raquíticos. Pergunta pronta, não foi isto o pedido. Resposta pronta, isso são navalheiras. E aqueles coisos compridos? Isso são navalhas. Pronto, em distracções está 1 a 1.
Ainda por cima os bichos não têm nada para comer e custam para cima de uma nota preta de dinheirão.
E não foi mencionado que os clientes é que tiveram de pôr a mesa. Pensando bem, os empregados do restaurante de distraídos não tinham nada.
Nem os mosquitos, que todo o repasto atacaram o distraído em voos 'kamikaze'.
Claro que tudo foi levado a rir, numa óptima noite.

Agora, mais distraído do que o distraído só o colega da frente, que uma bela manhã da fatídica semana resolveu enviar umas fotografias de mulheres nuas para um outro colega. Só que trocou o endereço e mandou para o administrador. O chefão, o bigue bósse.
O que vale é que depois de muita gritaria e risota, o gajo que monitoriza o correio foi lá apagá-lo a segundos de ser enviado.
Foi uma aclamação do salvador, só faltou levarem-no em ombros.
Juntou-se o edifício todo para ver o que era a algazarra, o distraído tem a impressão de que o administrador acabou por saber da história na mesma.

Mas o prémio para o mais distraído (talvez a palavra seja atrasado mental) de todos vai para o distraído/assassino/o raio que o parta que resolveu andar em contra-mão na A8, durante vários quilómetros.
Na zona de Óbidos, lá vai o Nissan Micra branquinho todo contente.
Não pára, não encosta, nada! Aliás, fez uma condução seguríssima, pois manteve-se na sua faixazinha da direita. Só que na contra-mão essa é a faixa da esquerda, e viram-se aqui vídeos de carros a desviar no último segundo e quase a partirem-se todos nas derrapagens.
Dentro do Nissan iam duas pessoas, seria aposta?
(O distraído já passou por isso uma vez, no ano passado. Só que no caso ele ia na faixa da direita, não teve de se desviar. Se por acaso fosse na da esquerda, como aquilo era uma lomba, podia não ter sido bonito. O distraído não conseguiu pensar noutra coisa durante toda essa noite...)

Mas é a opinião do distraído que nenhuma distracção se compara com aquela que se passou uns dias depois, que embora mais singela, ultrapassa todos os limites. O distraído comia em frente ao monitor e deixou cair umas migalhas. Quando olhou para baixo, reparou que tinha uma gravata posta... Que não conhece de lado nenhum, não sabe de onde veio e nunca viu antes na vida!
Sem comentários.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Ir pela sombra II

Micro-narrativa: A banalidade.


Silva era amigo de longa data de Lopes.
Mais, Silva tinha por Lopes um afecto, admiração, e gratidão desmedidos.
Algo compreensível, tendo em conta o acontecimento com o autocarro - a meio da tarde e da avenida, um tropeção no passeio e um puxão salvador no último décimo de segundo, se Lopes não estivesse lá Silva teria ficado por ali.
Certamente que não se pode compreender a dimensão de uma dívida como esta, até que se passe por ela. Nesse dia, de lágrimas nos olhos, Silva chamou a Lopes o seu anjo da guarda. Como resposta, o anjo limitara-se a sorrir, entre os dois nada de novo...
De facto, já muito antes, quando percorriam as estradas poeirentas do Ultramar, houve aquela noite em que Lopes deu um berro imperativo, fazendo com que Silva paralisasse a perna no ar, levantada por cima de uma mina.
Ou talvez no seu sorriso Lopes se lembrasse dos tempos de recreios de escola, quando salvara vezes sem conta o seu protegido mais novo, de lutas, de testes, e principalmente de cobardes fanfarrões.
Portanto, andando para trás no tempo, o acontecimento do autocarro não foi sequer a primeira vez que o anjo salvou a vida de Silva.
E percorrendo para a frente o calendário, houve aquela manhã em que se deu o acidente na praia - quando Lopes, não poderia ter sido outro, vira o filho de Silva a desaparecer na água, nadara até lá e o trouxera, lhe fizera respiração boca-a-boca durante vários minutos, até ele cuspir sal e água e chamamentos pelo pai.
É por isso que, quando este relato começa, Silva tem a dever a Lopes o salvamento da sua vida, mais vezes do que consegue contar, e o salvamento do seu filho único, que vale mais vidas do que as que consegue contar.
E é nesta altura que Silva começa a obcecar-se.
A gratidão é demasiado grande para que ele a consiga suportar. Lentamente deixa que a angústia tome conta de si, enquanto enche cadernos com doutrinas sobre o que se deve dar a alguém que altera para sempre a nossa alma e essência, ou com planos sobre como pode aplacar a sua obrigação para com o anjo.
Como é pobre, e ainda por cima sendo Lopes rico, não lhe pode comprar nada, nem ele aceitaria. Também não há favores ou cortesias que paguem o seu infinito agradecimento. Silva percebe que a única forma de colmatar algum do seu fardo é salvando a vida de Lopes.
A partir daí, sempre que estão perto do mar, olha o horizonte à espera de uma onda gigante. Nas estradas procura avidamente a benção de um carro assassino. Reza com todo o ardor por acidentes e desgraças que sucedam ao anjo, e que ele esteja ao pé para o resgatar da morte. Anseia por comida engasgada, buracos no caminho, quedas de objectos, balas perdidas.
Para que se possa atirar de peito aberto e salvar a sua própria vida, juntamente com a do amigo.
Até que um dia não aguentou. Empurrou a multidão que esperava no semáforo, e com ela Lopes, para a frente do passeio e do autocarro que aí vinha.
Saltou logo atrás, salivando em antecipação pela honra de dar tudo àquele a quem tudo devia!...
No meio do embate e do pânico, algumas pessoas ficaram feridas, mas sem gravidade. Apenas uma ficou imóvel depois de ser passada pelas rodas do autocarro, um anjo a quem Silva tentou acordar, acarinhou, gritou, cobriu do frio, até que finalmente a polícia veio, o arrancou de cima do corpo e o levou algemado.
Todos os dias na prisão desejou morrer, mas novamente as suas rezas não foram ouvidas, e depois de sair ainda tem de suportar a dádiva da vida que Lopes lhe deu. No próximo Outono provavelmente virá no jornal, até mesmo os homicidas são entrevistados quando fazem 100 anos.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Inventam-nas todas IV

Era uma vez um condutor que supostamente ia para a faculdade porque lhe diziam que ia ser engenheiro.

Ora, para uma tarde de preguiça e jogatana em que se finge que estuda, não há nada como levar o popó da mamã.
O Mercedes é fiável e puxa bem. Naquele dia o tabliê estava a tremer por todos os lados, mas isso é porque já é velhote, coitado.
De qualquer modo, nada que importe muito, já que o leitor de CD tinha uma metalada em berreiros proibidos por lei, daquelas tão 'a abrir' que o carro até anda a 300 à hora, sem ser preciso acelerar.
Reunidos portanto todos os condimentos para uma bela viagem, que ainda é longa até à outra banda.

Era uma vez um condutor que vai na A5 todo contente na faixa do meio.

Então repara que o tipo do lado esquerdo abranda antes de o ultrapassar, pondo-se a olhar de forma ostensiva.
Estranho? Sim... O condutor vai ligar a isso? Não...
Nem mesmo ligou quando o carro seguinte também abrandou e olhou fixamente. E o que se seguiu a esse. E mais um outro.
Alguns carros depois o condutor pensou que algo se poderia estar a passar. Bonito, tem um furo num pneu do lado esquerdo.

Era uma vez um condutor que descobre que tem um furo enquanto vai na auto-estrada.

Só que o carro continua a obedecer na perfeição. Ele abranda e acelera, vira o volante, e está tudo normal, furos não temos.
Uma porta do lado esquerdo aberta? Só que numa espreitadela rápida parecem as duas fechadas. Mas então...
Bem, se ele pôs uma mossa no chaço a mamã estrafega-o! Ele não raspou nem bateu em nada, estaria o carro amolgado quando ele para lá entrou?
Claro que é muito possível que o problema seja antes no lado direito, porque ele agora repara que as pessoas que ele ultrapassa por aí também estão a olhar meio de lado!
A pergunta "O que é que foi, caraças???" pode ter saído um pouco brusca e com cara de poucos amigos, pois a pessoa visada volta a virar-se para a frente e segue o seu rumo.
Tem de ser um pneu furado. Mas não pode, nesse caso o carro não estaria governável. E aqui não dá para parar, é uma auto-estrada...
O condutor já começava a sentir-se enjoado, alternando a troca de olhares com pessoas à esquerda e à direita na treta da auto-estrada, mas o que realmente o fez suar frio foi ver o tipo do carro à sua frente de olhos vidrados no retrovisor. É oficial, estava tudo doido.

Era uma vez um condutor que agradece às alminhas quando finalmente chega à ponte sobre o Tejo.

Livre da auto-estrada do inferno ele procura acalmar-se. Pelo menos tem espaço para isso, já que os carros todos se desviam da sua frente!
Agora já ninguém parece querer sequer ultrapassá-lo, e os que o fazem abrandam para poderem abrir a boca a olhar...
Novas inspecções às portas, todas fechadas, novos atrofios à procura de algo errado com o carro. Mas se na auto-estrada não se parava, ali ainda menos. E a via rápida para a Caparica nunca mais chega, esta ponte sempre teve tantos quilómetros?
Ah, mas na via rápida, aí sim, o condutor foi rei. Todos os súbditos o veneraram com admiração...!
E o rei, já sem pinga de sangue, nem sabia para que lado olhar.
Escolheu olhar para a bomba de gasolina, onde toda a gente parou o que estava a fazer quando ele passou.
Nesta altura já lhe ocorria que se calhar o carro vertia óleo, mandava chamas, largava peças, ou todos os anteriores, mas a faculdade era já ali à frente, se houvesse algo errado ele estava quase a saber...

Era uma vez um condutor que já ia com espasmos de pânico quando chegou finalmente ao Monte da Caparica.

Para entrar na faculdade, é preciso dar umas voltas, onde se demora imenso tempo. Anda-se muito devagar porque há sempre dezenas de alunos a passar.
Vai portanto o condutor a atravessar no meio deles, e eles todos, o raio dos alunos todos, a espreitarem para dentro do carro. Alguns, ao passarem mesmo ao lado, olhavam fixamente o condutor. O mundo enlouqueceu e ninguém avisou?
Na entrada no parque de estacionamento, ainda o condutor estava à espera na fila já o tipo que está a verificar os cartões de entrada se punha a olhar. Não é possível!!
Quando chegou a sua vez e o condutor levantou o cartão para mostrar na cancela, não há palavras para descrever a cara de espanto do tipo enquanto o carro passava por ele...

Mas já era chegado ao estacionamento. Em lágrimas de fúria, todo encolhido no banco, faltavam só umas voltinhas à procura de um lugar... durante as quais as pessoas que estavam por lá iam parando no seu caminho para olhar, é claro...
Um lugar mesmo à frente do edifício e finalmente é chegado ao fim da sua bela viagem.

Era uma vez um condutor que ao desligar a ignição ia ficando surdo com a buzina que não parava de tocar.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

É a mil III

Como tal, dizem ao cidadão que ele devia ter tento na língua antes de falar no Bloco de Esquerda, que tudo o que ele alguma vez disse neste blogue está mal, e que ele é homossexual.

Ora, isso está totalmente errado. Não a parte do blogue ser uma treta, nem a parte do BE. Mas o resto sim, primeiro porque ainda se continua a usar essa boca imbecil como se a orientação sexual fosse um insulto, e segundo porque no caso do cidadão até está errada, e basta perguntar em qualquer clube sado-masoquista com zoofilia travesti de Lisboa.

Não, a sério, o cidadão garante não o vai voltar a fazer. Até mesmo porque o partido em questão lhe dá pesadelos. Falar sobre o BE nunca mais!
Ah, a propósito, o cidadão acabou de saber que o BE teve o terceiro deputado eleito para o Parlamento Europeu e vai ter de falar agora sobre isso.

Porque convenhamos, se dois deputados do BE irritam muita gente, três deputados do BE irritam muito mais...
Onde é que isto vai parar, afinal?
Já só falta agora que nas legislativas fiquem em primeiro. Seguidos de perto pelos exacerbados dos ultra-nacionalistas, é claro, ao menos de extremismos estaria tudo bem servido.
Bem, isso é que iam ser umas sessões no Parlamento, o BE e o PNR a discutir os destinos do país!!!

Entre uns tipos com camisolas do Che Guevara a atirar cocktails molotof, e uns cabeças rapadas a atirar cocktails molotof contra os cocktails molotof dos outros, era coisa para enchentes na assistência e bilhetes a custar fortunas no mercado negro!
(Correcção, se o PNR for a segunda força política, passará a ser "mercado branco"...)
Claro que nem todas as sessões seriam uma batalha campal, isso é extremamente redutor. Haveria algumas rigorosamente sem armas, sendo apenas permitidos insultos capitalistas acima da cintura. E vá, atirar uma ou outra cadeira quando a polícia de choque não estivesse a olhar.
(Correcção, não haveria polícia de choque, porque o BE acabaria com todas as forças de autoridade. O equipamento passaria para as mãos do PNR, que assim conseguiria bater muito melhor nos imigrantes)
O plenário não seria na sala das sessões, mas nos corredores - agora denominados pelo BE como "galerias dos grafitis" -, porque o hemiciclo estaria reservado para o cultivo de marijuana.

A educação, saúde e justiça seriam entregues a Cooperativas Nacionalizadas de Operários Minoritários. Como ninguém sabe o que isso significa, basicamente era cada um por si.
Se algo correr mal, investiga-se a carteira do indivíduo. Se não tiver dinheiro, então é imigrante e o PNR espanca. Se tiver dinheiro, então terá roubado esse dinheiro aos pobres, pelo que o BE diz ao PNR que é imigrante, e o PNR espanca.

Os governos durariam no máximo três horas e meia, depois eram remodelados. Para toda a gente ter a oportunidade de ser primeiro-ministro.

Isto enquanto houvesse políticos do BE. O facto de não terem um governo contra quem berrar, lutar e reivindicar, poderá fazer disparar a taxa de suicídios.
...Políticos do BE a cair como tordos?
Aahh, os pássaros cantam em honra das borboletas que esvoaçam nos arco-íris, e tudo está bem no mundo...!

Falta só dizer que as pessoas continuariam tão materialistas quanto antes, simplesmente graças a fortes medidas de incentivo por parte do governo, seria mais fácil obterem aquela televisão plasma que é demasiado grande para a sala. Bastaria partir o vidro da vitrina e ir buscá-la.
E se algum político do BE os chamar de contra-revolucionários, dá-se-lhe na tromba com a batedeira que vem de oferta com a televisão.
...Políticos do BE a levar com electrodomésticos na cabeça?
Aaahhh, fica-se por aqui, é um pensamento demasiado bonito...!

O que vale é que isto nunca vai acontecer porque, como é óbvio, as pessoas nunca vão votar no BE... não, espera, aqui falha, o cidadão esquece-se sempre desta...

Estes modelos governativos surreais fazem lembrar ao cidadão aquelas almas que reclamam que venha "um salazar". Ninguém com mais do que meio neurónio quer uma ditadura, supõe-se que será apenas uma chamada de atenção, por estúpida que seja, para que certas coisas mudem. Ver o BE no poder encaixa-se na mesma categoria.
E também a eleição do Poupas da Rua Sésamo para a Casa Branca. E a vinda do Cthulhu.

Caraças pá, que se este blogue consegue comparar duas vezes o BE ao PNR, e uma vez ao 'doutor oliveira', talvez não seja assim tão mau...!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Amanda-le II

O projecto de criar um blogue inteiro só com elogios à TVI ainda está na gaveta, pelo que se mantém este, que fala de assuntos sem rigorosamente interesse nenhum e que todos menos o autor acham uma estupidez.

E é nesse espírito que o autor anuncia que vai falar em mais um assunto de interesse galáctico: veludo.

O veludo é bonito. O veludo é macio. O veludo também é aquilo em que os denominados góticos gostam de se embrulhar.
Isto quando não estão sacrificar animais e a furar o corpo todo que nem uns possuídos.
Os góticos não se identificam com as massas sociais, não por uma questão de divergência moral, mas simplesmente porque sentem vergonha por não estarem bronzeados.
Há também uma questão de ignorância, porque eles não sabem nada de nada do que se passa no mundo, e isso é porque dentro dos seus caixões de vampiros é difícil apanhar um bom sinal de televisão.

Pronto, para quem não sabia.
E atenção, utiliza-se aqui a palavra "góticos" só para facilitar, porque isto também serve para descrever todos os outros palhaços que se vestem de negro.
Portanto, um autêntico serviço público que foi aqui prestado.

Claro que... Falta uma definição, crucial e decisiva. A definição que resume todas as anteriores:
Os góticos são uns satanistas de uns satânicos.
Os marotos! Não querem lá ver os safados, agora são-me adoradores do diabo?

É preciso ver que o autor, para além de sarcástico, é um adepto de várias variantes da denominada estética gótica, pelo que poderia considerar esse termo ofensivo.
Não pela palavra em si, mas pelo que as pessoas que a usam pensam que significa.
Calúnia! As pessoas jamais seriam capazes de dizer coisas sem saberem do que estavam a falar!
Sim, o autor sabe, é impossível acontecer tal coisa, mas mesmo assim vai difamar o bom nome dessa gente e manter o que disse.
E vai acrescentar o seguinte, quem diz isso pode muito bem ser um satânico. E mais ainda, pode sê-lo sem sequer o saber!... Ah, satanismo desgraçado, fazer isto às pessoas!

O satanismo, dito de forma muitíssimo resumida e apesar das várias vertentes, identifica-se com a pretensão do anjo caído de não seguir a Divindade, podendo então ser considerado como a rejeição dos altares teístas, em nome de uma cultura de satisfação pessoal.
Ou seja, é não ir à missa e achar que se é plenamente livre e responsável por si próprio.
Ui, tanto satânico que para aí anda. Como diz o povo, ponham-se a pau! Não confiem em ninguém, eles andam aí.

Mas há mais. Segundo a escola do "anti-cristo" em pessoa, Anton Lavey, o satanismo tem pecados.
Esta, o autor confessa, desconhecia. Quando se lembrou de os procurar, não pensava que existissem, e que ainda por cima os iria encontrar na internet, essa coisa do demo.
Mas aqui os deixa, em mais uma acção de serviço público. Já é a segunda, para um pseudo-blogue é obra!

Os nove pecados satânicos (in wikipédia):
1-Estupidez ; 2-Pretensão ; 3-Solipsismo
4-Auto-ilusão ; 5-Conformismo de massa ; 6-Falta de perspectiva
7-Negligência dos ortodoxos passados ; 8-Orgulho contraprodutivo
e 9-Falta de estética

Sinceramente, o autor nem sabe onde começar!
Demasiado texto na sua cabeça! Demasiadas piadas!... Basta pegar em qualquer 'pecado' da lista anterior e ver quantas pessoas se conhecem que enfiariam a carapuça.

Isto pior que entregar a alma ao diabo, só mesmo tentar entregar a alma ao diabo e estragar a coisa. Há pessoas que não conseguem fazer nada direito!...
E portanto fica-se a saber, a malta não só é satânica, como ainda por cima é satânica e pecadora. Uns adoradores de lúcifer de segunda categoria.
Que vivem no pecado, se não se redimem e se tornam puros ainda vão parar ao inferno! (bem, esta laracha foi tão complexa que até o bloco de notas se ia trocando todo...)

Ora, o autor tinha ponderado inicialmente apoiar a reinvindicação dos góticos que só pedem o direito à diferença...
Esquece lá isso!!
Isto afinal é tudo satânico. Direito à diferença uma ova, os góticos não são especiais, deixem um bocadinho de belzebu para os outros.
O autor tinha também pensado em debater esse comportamento de chamar satânico sem ter a mínima razão para isso...
Onde é que essa já vai!!
Pelo contrário, é essencial para a sobrevivência da humanidade que se progrida esse conceito em direcção ao futuro.
Ser satânico é 'cool'. É o que está 'in'. Quem não entregou a alma a mefistófeles é careta.

Lança-se aqui e já um desafio. E sério. O objectivo é inserir um novo hábito na sociedade portuguesa. A partir de agora o que está a dar é chamar satanistas a toda a gente. Por dá cá aquela palha.
Pode ser que com o tempo a palavra perca conotação, e seja preciso encontrar outra.

E chamar em que ocasiões, perguntais?
O autor exemplifica já aqui: Vós, leitores deste blogue adorador do diabo, isto é mas é todos uma cambada de satânicos!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Vai já daqui IV

É uma bela quarta-feira, e anda toda a gente doida de paixão.

Com o quê, com o rescaldo das eleições para o Parlamento Europeu. E quando o fumo se dissipou, o que se viu?
O PSD foi o partido mais votado e eles agora já acham que toda a gente os quer para alguma coisa.
O PS perdeu metade dos votos que tinha e por lá andam todos com cara de póquer a tentar fingir que não se importam com isso.
O Bloco de Esquerda recebeu o terceiro maior número de cruzes.

Amm... Desculpe, pode repetir?
Sim, ouviu bem, aparentemente o BE é terceira força política de Portugal.
O eleitor jura que tem feitos esforços, hercúleos, desumanos, para tentar compreender isto.

Estarão as pessoas tão fartas dos partidos políticos, que resolvem votar noutra coisa qualquer?
Poderá o BE chegar mais longe? Poderá... argh... vencer umas eleições?
Tudo bem, o país pode respirar de alívio, se eles fossem eleitos não iriam governar (ou assim diziam, agora já vão hesitando e gaguejando outras respostas).
O que o eleitor não entende, na sua mente limitada, é porque é que o partido dos tarados dos ultra-nacionalistas é gozado e mal visto, e ainda bem, e depois o trotskismo inconsequente e extremista do BE já é uma maravilha. Não entende.

Mas então, será pelo discurso de apoio e acção social? Esse nunca é demais, e infelizmente há muita gente que precisa, mais do que ouvir, de receber esse apoio.
Mas no BE parecem fazer de propósito para tornar esse discurso numa paródia de si próprio. Indo por aí o eleitor prefere a visão mais coerente, ainda que utópica e repetitiva, do PCP.

Mas então? Nem tudo pode ser mau, ou as pessoas não votariam. Alguma coisa têm de ver neles. Além do mais ninguém está sempre errado, há sempre nem que seja umas migalhas correctas. Portanto, até mesmo com o BE, por incrível que pareça, há coisas positivas.
Para começar, os partidos deviam olhar para o exemplo do BE, no que toca actividade, reinvindicação, empenho. Pura e simplesmente, trabalho.
Nas sessões do plenário nunca está nem metade do corpo de deputados. Com a excepção da votação do orçamento, a maioria dos lugares está vazia. Ou com deputados a dormir. Será só o eleitor que acha isso vergonhoso?
E depois querem que as pessoas se identifiquem com a política, ou não pensem que eles estão lá só para os 'tachos'... Andarão estes ausentes a servir os interesses de quem votou neles? Talvez alguns até tenham faltado porque andam no 'terreno' e sejam mais úteis aí, o que é certo é que os do BE estão lá sempre, e não se calam. E as pessoas reagem a isso.

Claro que os outros partidos têm uma coisa a favor. Quando abrem a boca dizem coisas coerentes. E isso, quando é para governar um país, ajuda. Enfim, é uma opinião.

Mas de tal modo as pessoas estão desiludidas com a classe política, que acabam por votar nos tipos que dizem os maiores disparates, só para ver alguém que se mexa.
Contudo, a teoria do eleitor também diz que se todos os que votam no BE ouvissem com atenção, mas com atenção, o que se eles se propõem implementar, pelo menos metade iria mudar a sua escolha para, bom, outra coisa qualquer.

Existe ainda outra questão, pouco pacífica também.
É uma questão de moda. Votar BE é moda. É bacano, todos os miúdos fixes fazem.
Pronto, seja, é um país livre, e também o eleitor também já seguiu modas, e de forma cega.
Muitas e muitas vezes foi ele todo contente a imitar os outros, quando começava a época do iô-iô.
Mas lá está, hoje em dia já só mexe num iô-iô se lhe apetece. Ou, vá, quando os outros meninos lhe abafam os berlindes.

Modas, o eleitor confessa, é algo que por vezes é aborrecido de aturar. Não se sabe porque começam tão depressa, porque acabam ainda mais depressa, nem de onde surgem aberrações como comprar iogurtes para cagar mais depressa.

Mas a questão aqui é mais séria. Serão então as modas perigosas?
Uma coisa são calças descaídas até ao chão e a ver a cueca, que, diga-se de passagem, o eleitor não vê mal nenhum. Ou até mesmo os atrasados que nos transportes públicos põem o telemóvel em altos berros a tocar música, esta sim já chateia.
Mas outra coisa bem diferente é quando a ideologia e a política entram na jogada, aí começa o caso a ser mais grave.

É um exagero? Não convence do perigo potencial das modas?
A isso o eleitor responde que por causa da moda das revistas de gajas vestidas com photoshop, esta semana recebeu 5 vezes as fotos da Ana Malhoa para a Playboy.
Ah pois, e quando o caso é de saúde pública, também não é perigoso???