quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

É a Mil XI

Baza lá fazer isto:

Mensagens Sem Nexo
ou
Coisas que um certo gajo punha no MSN em lugar do seu próprio nome


A fase erótica:
- Já agora, não se arranja por aí umas fotozinhas de mim a sodomizar o Luís?
- Qualquer dia viro heterossexual.
- A partir de agora quem precisa dos meus favores sexuais é que tem de me telefonar.


A fase poliglota:
- Tabula locorum rerum et thesaurorum absconditorum Menabani.
- Nog begrijp niet het punt van deze zinnen in vreemde taal.
- Sitä vihaa ei voi tukahduttaa, on hulluus kiven painona.


A fase sociológica:
- Aparentemente, gosto de começar frases com "aparentemente".
- Porque é que "corrida de touros" não é "Grande Prémio de Portugal de touros"?
- Erecto-me diante da evidência de ter uma facção. Tenho uma facção!!!
- (Obrigado, meus bravos - mantenham-se unidos - róger, escuto, ovér!)


A fase esotérica:
- Aguardo assembleia devida com estirpe matriarcal da ascendente linhagem genealogicamente contígua ao 'ego'.
- Granjearei pendor para me quedar ao jugo de Toth?
- O próprio 'Sigmund von Wien'.


A fase lírica:
- A anciania assacada a álgidos anátemas arcanos assoma anaformicamente à anamnese.
- A fotosfera refulge, os ovíparos alados tangem, os lepidópteros propalam-se...
- "O ónus é terminar em último."


A fase absurda:
- Antílopes bizarros comem diospiros em fuga.
- Se gostas de agrafar nabos, então buzina.
- Os unicórnios só chovem quando saltam à vara.


A fase negativa:
- Nunca foi por norma que se soltaram os abutres dominantes.
- Nunca imperou um rei lascivo que determinasse cercas de marfim.
- Nunca houve um cosmonauta empreendedor de cercas biológicas.
- Nunca soube de um agnóstico que quisesse extrair volfrâmio.
- As onomatopeias nem sempre são necessárias numa aula de Direito.


A fase proto-humorística:
- As Aventuras de Tozé Ramalho na Vila de Cabiças.
- Tó Fanholas e os seus cucos amestrados em missão ultra-secreta nas Berlengas.
- Lúcio Toni conserta avarias conjugais - orçamentos grátis.
- Crónicas da vida de Bitó Carmona, de dia dorme, de noite também.
- Vote em António Eliseu Amadeu Abreu Édimarfi para chefe do gangue dos coveiros travestis.


A fase esquizofrénica:
(todas as anteriores)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Choram as Pedras XI

Uma condução até casa para a hora de almoço.
Um avistar do caminho de cabras que é um local de passeios a pé e um atalho para o bairro.
Um pensamento súbito sobre se o carro seria capaz de lá passar.
Uma mudança de rumo para dar uma experimentada.
Um início de caminho bem vagaroso, para não estragar o VW Polo de suspensão desportiva.
Uma descoberta de que o caminho é algo acidentado, mas muito bonito.
Uma constatação, ao fim de algumas centenas de metros, de que o caminho está cheio de lama.
Uma preocupação ligeira, pois o caminho ameaça tornar-se num pântano alagado, digno de um jipe.
Uma noção de que o caminho é tão apertado que não dá para fazer meia-volta sem cair numas valas.
Uma conclusão de que voltar de marcha-atrás iria demorar uma vida.
Uma pausa para decidir o que fazer.
Uma resolução de ir em frente e chegar bravamente ao outro lado.
Um carro a patinar por todos os lados, mas a prosseguir.
Um poça particularmente grande, com o carro a deslizar de traseira mas a persistir.
Um charco ainda mais fundo, com a tracção dianteira a atrapalhar-se toda.
Um carro a não conseguir atravessar para o outro lado do charco ainda mais fundo.
Umas rodas a rodarem na lama, sem que o automóvel saísse do lugar.
Umas rodas a rodarem outra vez na lama, sem que o automóvel saísse do lugar.
Umas rodas a insistirem em rodar na lama, sem que o automóvel saísse do lugar.
Um gajo e a sua viatura, os dois completamente atolados.
Uma saída do carro para olhar à volta, no meio do fim do mundo não se vê nem um pássaro.
Uma decisão de que já chega de brincadeira e está na hora de regressar.
Um engatar de marcha-atrás para sair dali de uma vez por todas, mas agora é tarde, para trás também não vai.
Uma tentativa de sair para a berma direita e não cair na vala, mas o carro não mexe.
Uma esperança de rodar tudo para a esquerda e assim conseguir sair, também sem sucesso.
Umas experiências para a frente e para trás, para a esquerda e para a direita, devagar e a fundo, com o carro a afundar-se cada vez mais.
Uma triste descoberta de que vai ser preciso ligar a um reboque para vir desatolar um tipo envergonhado e que vai chegar atrasado ao emprego.
Uma última e derradeira tentativa, dentes cerrados, volante firme em frente, primeira engatada.
Um grande pontapé no acelerador.
Uns pedaços de lama a voarem por todo o lado.
Uns grandes bocados de barro a saltarem para as janelas todas.
Um carro a arrancar através da água e do pântano com uns barulhos que nunca tinha feito.
Umas mãos a rodarem freneticamente o volante enquanto as quatro rodas fazem patinagem artística.
Um resto de caminho percorrido em condições de completo lodaçal, com o fundo do carro a alisar a lama do caminho.
Um carro que chega ao alcatrão como se tivesse saído de uma selva, enchendo imediatamente tudo de terra.
Uma hora de almoço passada a transformar um carro castanho no seu preto original.
Um regresso para o emprego pelo caminho normal, que passa bem longe do atalho.