terça-feira, 14 de setembro de 2010

Vai já daqui X

Ou
"Porque é que o explorador que se preze não gosta de GPS"



O explorador vai abster-se de mencionar que o blogue voltou, que os títulos repetitivos e a imbecil numeração romana estão de volta, que os conteúdos sem nexo regressaram. Vai manter a sua lendária pose petulante e simplesmente contar a história.



E foi assim:
Está o explorador em Sabrosa, distrito de Vila Real, numa oficina de escrita - o que só por si já é uma coisa meio estranha, ninguém vai a Sabrosa fazer uma oficina de escrita.

E é complicado chegar a esse simpático fim-de-mundo? Não.
Primeiro, porque é onde nasceu Fernão de Magalhães. O homem era capaz de dar a volta ao mundo, era o cúmulo do desrespeito se o explorador não conseguisse chegar à terra.
E segundo, porque o explorador, para não se perder, usou materiais que já deram provas de funcionar, como por exemplo coisas do tipo MAPAS.

Foi então que apareceu o mal-afamado GPS.
A ordem de trabalhos pressupunha uma viagem até Melgaço. E nesse dia o explorador, sem dúvida apanhado à traição de manhã cedo antes de ter tempo de acordar, deixou-se convencer a usar o belo do aparelho. Foi uma fantástica e peregrina ideia!

Está bem, o bicho é uma tecnologia topo de gama...
Está bem, o explorador nunca tinha conduzido a ouvir um coiso daqueles, e é sempre giro experimentar coisas novas...
Mas o explorador devia ter desconfiado da primeira vez que ouviu a voz incrivelmente irritante da brasileira. Oh, como era inocente, o nosso pobre explorador!

Então vai o explorador a tentar encontrar Melgaço. E onde raio fica Melgaço, afinal? Pois, ninguém sabe. Nem sequer o GPS, pois a parva da brasileira mandou o explorador e o seu séquito para um sítio desértico no meio do Gerês.
Tudo o que havia nesse local era uma ribeira e uma barragem velha. Melgaço, nem vê-lo. Ainda hoje o explorador literalmente não sabe para onde a camela da brasileira o mandou, mas uma coisa é certa: era a uns bons 150 km do destino correcto. E a vaca da brasileira a dizer, toda molhada, "Chégô ao seu distchino, Chégô ao seu distchino".

E como é que o explorador sabe que era a 150 Km? Porque teve de fazer um telefonema para que lhe dessem coordenadas de latitude e longitude, e só aí a mula da brasileira resolveu acordar e avisar que estávamos a horas de distância.

Pelo menos a cretina da brasileira encontrou um caminho.
Claro que foi um caminho que passou 4 (quatro!) vezes a fronteira com Espanha, mas o explorador até vai esquecer essa parte...

Ah, e porque a besta da brasileira tinha ligado a opção obrigatória de mandar-virar-para-qualquer-amostra-de-atalho-que-aparecer-à-frente, teve o explorador de meter várias vezes o mercedes da mamã em caminhos onde nem as cabras passavam.

Enfim, depois de muitos montes e vales, de muito nome chamado à cavalgadura da brasileira, de um depósito de gasóleo atestado quase no fim, e depois da ajuda preciosa dos materiais que já deram provas de funcionar, com por exemplo coisas do tipo MAPAS, lá se chegou a Melgaço.

Se o Fernão de Magalhães tivesse usado um GPS, ainda agora andava no Pacífico.
E a levar com a chata da brasileira: "A sua nau chégô ao seu distchino, a sua nau chégô ao seu distchino".


(O explorador não tem nada, mas rigorosamente nada, contra brasileiros. Mas deixa uma promessa: se um dia encontra a actriz que gravou aquela voz, manda-a à biqueirada para o raio que a parta. Ou então para Melgaço, o que for mais longe.)

3 comentários:

  1. deus seja louvado, que ainda há vida neste blog!

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  2. Pá, olha que o Fernão tb não completou a volta ao mundo! A vaca da brasuca mandou-o aportar nas Filipinas e foi o que se sabe! :P

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  3. Rita, obrigado pelas tuas palavras metafísicas.

    Luís, mas é que não tenhas dúvidas!!

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