terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Amanda-le as pedras pela sombra

Caso os leitores deste blogue do fim do mundo não tenham reparado, o atleta gosta de contar histórias insólitas.

Esta é completamente inventada e nunca aconteceu, e chama-se:
"Agora posso dizer que já vi tudo"


O que pode acontecer quando se vai treinar ao ginásio, e o ginásio está dentro de um pavilhão multi-desportivo?

Pode-se entrar no pavilhão, de toalha ao ombro, e dar com o campo todo cheio de mesas cheias de velhotes a jantar. Dezenas de mesas, centenas de velhotes. O atleta fez logo aquela pausa do… ops enganei-me, não era aqui… mas depois olhou à volta e estava no sítio certo.
Pode-se também ultrapassar, quase a custo da própria vida, esse obstáculo berrante de cores e lacinhos e flores, apenas para descobrir que o caminho que vai dar aos balneários é agora a entrada da cozinha. E base de operações da empresa que serve a comida. E ponto de ligação para a copa. E local de passagem dos criados todos.
Pode-se ainda arremeter corajosamente por esse caminho, desviando de toda aquela gente de aventais, e descobrir literalmente à porta do balneário, a mesa de trabalho da equipa dos doces.

O que é decadente é que o atleta não está a exagerar nada. Esta não precisa de piadas, conta-se a si própria…

Portanto, tem-se os velhotes todos a olhar para o atleta, como se aquilo não fosse o caminho habitual para o ginásio, como se não fossem eles a excepção…
Tem-se também o caminho para o balneário entupido com criados e travessas e pratos sujos, sendo que os empregados ainda olham com ar de espanto. Sim, que pode estar a fazer um idiota vestido de atleta a caminho de um balneário, o local por excelência dos empregados de mesa? Este tipo de fato-de-treino é parvo, só pode...
Tem-se ainda a malta da doçaria no corredor, que estranha o facto de o atleta querer usar o balneário para tomar banho e não para fazer travessas de queijadas…

Pois, e nesse corredor é onde estão os vários balneários e as diversas casas-de-banho. Agora que pensa nisso, o atleta devia ter anotado o nome da empresa, para pôr na gaveta dos “nunca usar”.

Menção honrosa ainda para a mulher que estava a discursar em cima do palco. O atleta menciona esta parte porque ele não se vai esquecer tão cedo.
O barulho era intenso. Seria a emoção? Seria a reverberação da voz inflamada da mulher? Não, era barulho de cagaçal mesmo, o povo estava todo na maior risada e na maior conversa. A mulher, de microfone na mão, orava emocionada sobre um projecto qualquer em que todos tinham de participar, e todos tinham de ajudar. Parecia não reparar no facto de, o atleta garante, jura, toda a gente estar de costas!

Bem, mas o melhor foi a saída depois do treino.
Justamente no momento em que saía do balneário, banhinho tomado, traziam do fundo do corredor uma travessa com um porco. Um porco inteiro, a fumegar. É uma coisa que acontece muito aos atletas, terem de esperar para poder sair do balneário, porque à porta está alguém a arranjar travessas com suínos cortados em pedaços. E o atleta já mencionou que o corredor de onde veio a travessa só tem casas-de-banho? Aah, ter o cheirinho do suor do balneário na chanfana de gambas!
Não, o atleta está a ser injusto. Na verdade, não podia ter cheiro de suor, eles tiveram cuidado com a higiene. Isto porque a cozinha estava montada do outro lado da porta lateral. Sim, lá fora, onde está o jardim.

E como se isto tudo não bastasse, não deu para sair do pavilhão.
A porta do ginásio já tinha sido trancada, restavam as saídas do pavilhão.
Só que uma ficava do lado oposto, era preciso percorrer aquilo tudo, além de estar guardada por quatro-polícias-quatro, toda a gente sabe que estes velhotes são um perigo... E na saída do lado do atleta estava uma equipa enorme a lavar pratos. Ao ar livre e a apanhar chuva.
Mesmo assim, o atleta ainda tentou caminhar pelo meio desse pessoal, mas não havia passagem. Teve de saltar o muro para poder ir para casa.

O atleta agora percebe porque é que o ginásio não é caro.

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