segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Vai já daqui IX

Porque a queda de um blogue na decadência não tem fim, e porque o músico não tem juízo, vai continuar a discorrer sobre o nobre assunto que ficou de permeio.
Pimba, que tal esta como introdução pomposa?

Sim, o tema é música outra vez, e há uma famosa teoria que fala sobre o assunto.
Teoria essa que gera controvérsia, quanto à sua origem.
Uns afirmam que as bases dessa teoria surgiram num famoso laboratório dos EUA, onde trabalham uma data de cromos todos com ar de cromos e vestidos que nem cromos, que se masturbam em frente ao computador a ver mamas de mulheres-elfo.
Outros preferem seguir uma corrente de pensamento que afirma que a teoria teve origem nesta alimária deste blogue.
O debate, esse, continua aceso.

Mas passando à frente da sua origem, a teoria chama-se
"Não tenham a mania de saber exactamente o presta e o que não presta"
Também conhecida por
"Teoria do Pimba"

Isto porque a música pimba é ideal para explicar este ponto de vista.
A música ligeira portuguesa é a coisa mais mal afamada que existe. Quais violações de direitos humanos, qual poluição e aquecimento global, nada é tão mau nem chateia tanto como a música popularucha.

E porque é que isto aborrece o músico?
Porque na maior parte das vezes, a mesma pessoa que deitou abaixo, começa a glorificá-la dois segundos depois.
Ah, odeio música pimba!... E agora com licença, que vou ali ouvir um pouco de música pimba.

Porque há uma coisa que muita gente não entende, e este bloque indisfarçavelmente estúpido vai explicar, retomando a sua faceta de serviço público:
Música pimba é a alcunha para música popular portuguesa. E noutro sítio também existe uma outra coisa, chamada música popular anglo-saxónica, que também tem uma alcunha: chama-se 'pop'.
A música ‘pop’, por definição, é simples e popularucha, ou então não seria ‘pop’. E a origem e o objectivo são os mesmos, seja aqui, nos EUA ou na China. Ou, dito de outra forma, a música ‘pop’ americana é a música pimba lá do sítio.

- Ah, mas em Portugal existem as duas, música pop e música pimba!
Sim, mas está-se a falar, na prática, de música popular à moda ianque, e música popular à moda portuguesa. Em essência não são assim tão diferentes.
- Ah, mas a música pimba são só dois acordes!
Sim, mas a música pimba ianque também. Ambas usam sempre a mesma receita, faz parte do conceito. E ambos vêm da sua tradição folclórica. No caso português é o antiquíssimo sol-e-dó. No caso ianque a tradição é muito menor, não anterior ao ‘blues’, uma razão simples para ser considerada mais moderna e ser mais bem recebida pelas gerações actuais.
- Ah, mas a música pimba tem umas letras infantis e brejeiras!
Sim, mas novamente, isso também a pop. A malta é que não vê, ou não quer ver.
- Ah, mas não se pode seriamente comparar o TóQuim Malhadas à Britney Spears!!
Sim, mas pode.

Na Britney está lá a brejeirice toda, ou não? As letras infantis, ou não? Os arranjos já são mais evoluídos, mas isso é porque tem um batalhão de compositores a prepararem as coisas. Também o Tony Carreira os tem, e os arranjos das suas canções atingem logo outro nível.
Mas talvez fique melhor comparar o TóQuim Malhadas, por exemplo, aos saudosos romenos O-Zone. Sim, os do “ma-ia-hiii, ma-ia-huuuu...”. Outros que ficaram rotulados como ‘pimba’. Porquê? Porque cantavam em romeno. Apesar de ser uma canção exactamente igual às outras. Se fosse em inglês, já era um êxito da música de dança, um hino à pop!

No fundo resume-se um bocado a isso. À língua. O pessoal acha que em inglês soa tudo melhor, e está no seu direito.
O que parece errado é levar isso ao ponto de considerar a pimba portuguesa um lixo e ao mesmo tempo a pimba ianque um luxo.

Não será muito mais correcto achar as duas uma treta?
(pessoalmente, o músico tem muita facilidade em concordar com esta)
Ou então achar as duas extraordinárias e essenciais, no seu apelo às massas, no seu escape directo e consumo fácil?
(no fundo, o músico também concorda com esta)
Mas seja o que for, achar as duas ao mesmo tempo, que é uma coisa que não custa nada, não faz mal à saúde e se calhar até faz imenso sentido.

Pensem lá bem nisto.
Que o músico vai ali e já volta, exibir a sua mania de que é esperto.

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