quarta-feira, 27 de maio de 2009

É a mil II

Pelos vistos toda a gente fala de futebol.
Seja, o comentador não percebe muito do assunto e não liga nenhuma, mas é invejoso e também quer.

E ao que parece, existem várias coisas que o aborrecem no futebol... hum... sairá listinha, não sairá listinha... oh sim, sairá listinha!
Breve lista de coisas idiotas no futebol:
- Os dramas. Os jogadores fazem questão de mostrar a sua clara formação em tragédia clássica, entre o rebolarem em agonia depois de se atirarem para o chão sozinhos, ou o queixarem-se em prantos porque queriam outro número na camisola. E ainda dizem que os homens não gostam de telenovelas.
- As modas. O comentador sempre ouviu dizer que os jogadores chegam ao estádio várias horas antes do jogo. O que não suspeitava era que isso acontecia para que eles tivessem tempo de pôr a maquilhagem e fazer as 'nuances'. Lá porque estão suados e lamacentos, podem sempre estar bonitos.
- As entradas em campo. O comentador bem reconhece que é um desporto perigoso e com potencial de lesões, mas a superstição de entrar no relvado a fazer o sinal da cruz três vezes ao contrário, só serve para que a sua avó diga para a televisão "olha, viste, benzeu-se. Gosto deste."

Com desempenhos destes não admira que as pessoas depois digam que os jogadores de futebol são uns obcecados. E é verdade.
O que, atenção, é muito diferente de os considerar obsessivos-compulsivos, como algumas teorias insistem em advogar. Isso também já é exagero.
Aliás, o comentador sente-se até na obrigação de ressalvar que se passa justamente o oposto, se há coisa que um jogador de futebol não pode ser é obsessivo-compulsivo!

Dúvidas? O comentador não percebe como pode alguém questionar uma só palavra que seja dita por ele, mas passa a provar sem margem para hesitações.
Pense-se em cuspo.
Tão certinho como um jogador esfregar-se aos beijos no suor dos colegas quando há golo, ele vai cuspir o seu próprio peso durante um jogo.
Não dá para entender como é possível que se meça o número de cartões, a quantidade de faltas, os Km percorridos, e não se contabilize o número de escarras deitadas ao relvado. O volume de cuspo em litros. A consistência da saliva por equipa.
A razão antropológica para que os jogadores façam tais maravilhas é um mistério, mas isso pelo menos explica porque é que antigamente, no tempo em que o comentador via futebol, os equipamentos eram diferentes.
Para começar, usava-se calções. Agora é mais uns lençóis, e daqui a uns anos será uma gabardina com carapuço. Não dá para correr mas ajuda a que o brilho nos cabelos seja mesmo só do gel...

Adiante, a conclusão é que dificilmente um obsessivo com compulsões psicológicas poderia mexer-se naquilo que lhe ia parecer um banquete de 'nhanha'.

Contudo, se ainda assim não há consenso, imagine-se então um jogo de futebol em que uma das equipas é constituída por obssessivos-compulsivos.
É complicado quando um dos centrais vai sempre a olhar para o chão porque não gosta de pisar o branco, mas pior é o lateral que se recusa a pisar verde e então só anda nas linhas.
Tem um trinco que não percorre o campo nos dois sentidos, pelo que quando chega ao fundo tem de sair e dar a volta.
O médio ofensivo que só joga em campos que estejam voltados para Noroeste.
Também tem um ala esquerda que antes de chutar a bola tem de lhe tocar com a mão, em estreita articulação com o avançado que só joga nos minutos que tenham o número 5.
E depois há o ponta de lança que poderia ser a estrela da equipa, mas gasta duas embalagens de sabonete em cada parte, além do sabão macaco com que esfrega os adversários.
O melhor que esta equipa já conseguiu foi perder por 36 a 0, embora o guarda-redes, que não aguenta números menores do que 40, tenha metido 4 auto-golos no período de compensação...
Não funciona. Dúvidas esclarecidas.

Poderia deixar-se aqui alguma indicação em como não se pretende ser ofensivo, e que não se brinca com coisas sérias... mas isso seria obsessivo-compulsivo, portanto não vai ser feito.
Além de que isso poderia destoar das lições de vida que o comentador acabou de lançar sobre o mundo. E pensar que no início do texto ele dizia que não percebia muito de futebol...!

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